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Europa vai ao fim do mundo em busca de mercados para o açúcar

10 de Novembro de 2017

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A produção das fazendas de beterraba da região está atraindo compradores de lugares distantes como o Haiti, antes um grande produtor de cana do Caribe, e Serra Leoa, na África subsaariana. O açúcar europeu apareceu até mesmo na ilha de Pitcairn, no Pacífico, um dos lugares mais remotos da Terra.

Qualquer demanda é uma boa notícia para produtoras como Suedzucker, a maior do mundo, e para sua principal concorrente europeia, a Nordzucker, porque a oferta excedente derrubou os preços do açúcar branco em 27 por cento neste ano em Londres. O fenômeno surge após a decisão da União Europeia de encerrar as cotas aplicadas à produção e às exportações.

"Existe um mercado vibrante lá fora que adora comprar açúcar branco europeu", disse o CEO da Nordzucker, Hartwig Fuchs, em entrevista na sede da empresa, em Brunswick, Alemanha. "Temos a oferta mais barata da atualidade."

A participação da UE nas exportações globais mais do que dobrará para quase 5 por cento nesta safra, segundo a Organização Internacional do Açúcar, grupo que congrega países produtores. A Europa quer manter mercados tradicionais como Israel, Egito, Noruega e Suíça, mas também reservou entregas para Camarões e Mauritânia, no noroeste da África, nas últimas semanas.

Fuchs destacou uma entrega ainda mais estranha, para Pitcairn, ocorrida há um ano, que chegou ao conhecimento da Nordzucker só quando um viajante procedente de Brunswick enviou à empresa uma foto onde se via um navio de cruzeiro descarregando seus sacos 25 quilos. Nessa ilha vulcânica vivem cerca de 50 pessoas, a maior parte descendente de amotinados do século 18 do navio HMS Bounty, e fica a cerca de 16.000 quilômetros da

Europa em linha reta, o dobro da distância em relação ao Brasil, maior exportador de açúcar do mundo.

Mais significativas são as vendas do açúcar produzido pela concorrente alemã Suedzucker para o Haiti, antes um dos principais produtores do mundo, localizado a apenas algumas centenas de quilômetros de produtoras da Jamaica e de Belize.

"De fato no momento temos muita demanda de fora da Europa porque oferecemos os menores preços", disse Fuchs, e o crescimento mais forte é observado na Ásia e na África.

Os novos mercados internacionais são insuficientes para compensar os preços baixos enfrentados pelos produtores europeus em meio à oferta global abundante. Por enquanto, as exportações têm sido baixas em relação ao excesso de oferta esperado e a Marex Spectron Group afirma que a culpa pode ser do carregamento lento em alguns portos.

O dólar mais fraco em relação ao euro também reduziu o lucro dos produtores de açúcar europeus, ampliando uma pressão que pode tirar os mais fracos do negócio, segundo Fuchs. Os produtores provavelmente reduzirão o plantio, diminuindo "drasticamente" a área plantada já em 2019, disse ele.

As importações da UE já têm sido limitadas pelos preços regionais mais baixos. Os futuros do açúcar branco em Londres atingiram o menor nível em dois anos, de US$ 353,30 a tonelada, em setembro.

"Nos próximos três ou quatro meses estabilizaremos o mercado, mas em níveis relativamente baixos", disse o CEO. "É possível que a recuperação real fique para 2019."

(Fonte: Bloomberg – 10/11/17)

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