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Etanol mineiro atrás do recorde

18 de Julho de 2018

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A diferença entre os recentes balanços das perdas que a economia brasileira sofreu com a paralisação das estradas em maio e as contas que as famílias já vinham fazendo do rombo no orçamento está no repasse dos aumentos dos preços. Eles param no bolso do consumidor. Como um fim de linha, a população não tem a quem entregar tantos reajustes a serem pagos, dos preços dos alimentos aos combustíveis e uma variedade de serviços privados. Resta recusar os abusos, se possível, e esperar pelo menos uma acomodação nas prateleiras.

Quando o aperto passa pelos combustíveis, fica mais difícil acreditar no cenário do razoável para a gasolina num estado que importa cerca de 40% dos derivados de petróleo dos quais necessita. A esperança recai sobre o etanol, o combustível verde que desponta este ano em Minas Gerais e vai se beneficiar do RenovaBio, programa criado para estimular os biocombustíveis no Brasil e a redução das emissões dos gases que provocam o efeito estufa.

A pesquisa mais recente da ANP indicou aumento de 6,4% no preço médio do litro da gasolina comum nas revendas de Minas de maio para junho, quando foi encontrado a R$ 4,860, em média. Essencial lembrar que a inflação medida na Grande Belo Horizonte foi de 1,86% no mês passado, segundo o IBGE. O reajuste do preço da gasolina, portanto, superou em 1,8 vezes a remarcação do etanol hidratado, de 3,48%. O preço do litro do combustível renovável foi oferecido a R$ 3,087, também na média.

A boa notícia parece ser a promessa de volta da produção do etanol ao recorde no estado. Afinal, a lógica das leis da economia é de que quanto maior for a oferta, menos justificativas para aumento de preços o fornecedor e comerciante terão. As usinas de açúcar e álcool optaram por usar toda a sua flexibilidade na operação e investir no etanol, diante da rentabilidade baixa do açúcar no mercado internacional. A produção do combustível em Minas cresceuquase63% em junho, na comparação com maio, alcançando 1,1 bilhão de litros, de acordo com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).

O presidente da entidade, Mário Campos, não tem dúvidas de que o setor está preparado para repetir, em 2018, o recorde de 3 bilhões de litros obtido em2015. Uma vez confirmado, será resultado 20% melhor ante o do ano passado, em que a produção somou cerca de 2,5 bilhões de toneladas, enquanto a tendência para o açúcar é de encolhimento de 10%, com no máximo 3,5 milhões de toneladas produzidas em 2018. “Desde o início deste ano temos visto um mercado consumidor consistente e constante para o etanol, embora a greve dos caminhoneiros tenha atrapalhado o setor”, afirma Mário Campos.

O consumo crescente em Minas, da mesma forma que a produção, frente ao ano passado, baixou de 157,549 milhões para 153,025 milhões de litros de abril para maio. Poderia ter chegado a 180milhões de litros, nas estimativas da Siamig. A despeito disso, o equilíbrio entre oferta e demanda do combustível limpo faz bem à economia e oferece condições para preços mais favoráveis ao consumidor. “É importante manter essa condição num estado produtor. Minas é uma economia grande e diversificada, que, no entanto, importa gasolina”, destaca Mario Campos. O estado se tornou o segundo maior consumidor de combustíveis em geral, depois de São Paulo. Nas condições atuais, o preço do etanol equivale ao nível de 63% daquele da gasolina.

Fonte: Estado de Minas - 18/07/2018

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