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Enquanto a energia “dorme” nos canaviais, consumidor paga mais e corre risco de apagão

09 de Agosto de 2018

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A fonte biomassa, atualmente, ocupa o 3º lugar na geração, atrás da hídrica e da fóssil, representando 9% da potência concedida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Os dados são do boletim 'A Bioeletricidade em Números', do mês de julho, divulgado pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), que também revela que a energia gerada pela indústria da cana equivale a 7% da capacidade instalada no Brasil, e a 77% da fonte biomassa.

Segundo a publicação, em 2017, a bioeletricidade ficou concentrada em cinco estados da Região Centro-Sul – Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo –, sendo que este último foi o que mais contribuiu para a rede: 47% do volume total. A geração sucroenergética paulista, no período, foi equivalente a 20% da produção de energia elétrica no Estado.

O boletim informa que a geração de bioeletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN), de janeiro a junho deste ano, aumentou em 14% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi impulsionado pelo início da safra da cana na Região Centro-Sul, em abril, mês também em que o gerado correspondeu a quase 5% do consumo de energia no País nos 30 dias. Ainda no primeiro semestre de 2018, estima-se que volume de bioeletricidade fornecido ao SIN evitou a emissão de 3,1 milhões de toneladas de CO2.

No entanto, a participação da energia da biomassa da cana poderia e pode ser pelo menos 1/3 maior do que a atual, bastando aproveitar volume superior de palhas e pontas de cana, além de aumentar a eficiência industrial das unidades sucroenergéticas, reduzindo seu consumo interno de energia e aumentando seus índices de cogeração.

A maior participação da biomassa na matriz energética brasileira iria disponibilizar à rede maior volume de energia verde, possibilitando que o consumidor deixe de pagar a bandeira tarifária vermelha (patamar 2) com custo de R$ 5 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos, que vem sendo cobrado desde junho. Essa bandeira vermelha deve-se à manutenção das condições hidrológicas desfavoráveis e à tendência de redução no nível de armazenamento dos principais reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN). Como consequência houve aumento do preço da energia elétrica no mercado de curto prazo (PLD), redução da geração hidrelétrica e aumento do risco hidrológico (GSF). O GSF e o PLD são as duas variáveis que determinam a cor da bandeira a ser acionada.

Mas o aumento do preço da energia nos períodos de seca não é a única preocupação, mas sim a falta de energia. Sabe-se que a ocorrência de apagões só não ocorre porque o Brasil vive uma das maiores crises econômicas dos últimos anos, responsável pela queda na produção industrial e que forçou os clientes a economizarem. Ou seja, não há energia suficiente para acompanhar ou até promover a retomada da economia.

Para a maior participação da biomassa na matriz energética brasileira, Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA, é necessário estabelecer uma política setorial de incentivo e de longo prazo também para a bioeletricidade. "Atualmente, aproveitamos apenas 15% do potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética e uma política estimulante para esta fonte, juntamente com a operacionalização do RenovaBio nos próximos anos, devem impulsionar o avanço deste recurso renovável na matriz de energia do País", avalia Souza.

Fonte: CanaOnline – 09/08/2018

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