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Empresas aceleram na corrida verde e buscam alternativas ao plástico

08 de Fevereiro de 2019

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Desde 1º de janeiro, está em vigor em Nova York a lei que proíbe o uso de isopor, ou o poliestireno expandido (EPS, na sigla em inglês), obtido a partir do petróleo. Com isso, cafés, restaurantes e outros locais que servem alimentos e bebidas estão em busca de alternativas para acondicionar refeições e cafés, por exemplo.

Haverá um período de seis meses de adaptação às novas regras. A partir daí, deixarão de ser usados copos, bandejas, pratos e embalagens de ovos. Quem não se adaptar, terá de preparar o bolso para as multas aplicadas pela prefeitura da cidade.

Com a lei, Nova York se junta a outras 70 cidades americanas que baniram o isopor. A medida vai na mesma linha de outras decisões governamentais, como o fim do canudo de plástico, a proibição das sacolas não reutilizáveis e a venda de garrafas descartáveis feitas com esse material nos parques nova-iorquinos.

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Este é mais um movimento importante no sentido de diminuir a dependência de produtos obtidos a partir de fontes de matéria-prima não renováveis, em particular do petróleo. O Brasil, ainda que mais lentamente, tem seguido na mesma direção e nos últimos anos diferentes níveis governamentais determinaram a substituição das sacolas plásticas descartáveis pelas reutilizáveis e mais recentemente vem crescendo a onda anticanudos plásticos.

Desafio

 Para a indústria, a busca por substitutos do petróleo é um grande desafio, porque envolve muita pesquisa, o desenvolvimento de tecnologias a preços competitivos. A Braskem é uma das empresas brasileiras que têm avançado nessa área. Seu polietileno verde, obtido a partir do etanol da cana-de-açúcar, já tem perto de nove anos de mercado e faz parte do portfólio da linha I’m green™.

 Agora, a Braskem e a Haldor Topsoe, empresa de origem dinamarquesa líder mundial em catalisadores e tecnologia para as indústrias química e de refino, começam a operar em conjunto uma unidade de desenvolvimento de monoetileno glicol (ou MEG) obtido a partir do açúcar. A unidade-piloto, instalada em Lyngby, na Dinamarca, servirá para confirmar a viabilidade técnica e econômica do processo de produção de MEG renovável em escala industrial.

 A unidade fabril será usada para desenvolver uma tecnologia com capacidade de converter o açúcar em MEG dentro de uma única unidade industrial. Se a tecnologia funcionar, será possível reduzir o investimento inicial na produção e aumentar a competitividade do processo produtivo. O objetivo é de que a fábrica seja capaz de converter diferentes matérias-primas, como sacarose, dextrose e açúcares de segunda geração, em MEG. Atualmente, o composto é feito a partir de origens fósseis, como nafta, gás ou carvão.

O MEG é usado na mistura com o ácido tereftálico purificado (conhecido como PTA) para a obtenção do PET (sigla em inglês para etileno tereftalato). A resina é muito usada nos setores têxtil e de embalagens, principalmente na produção de garrafas.

Em nota, Kim Knudsen, vice-presidente executivo da Haldor Topsoe, falou do esforço da companhia em avançar no que é chamado de solução Mosaik™ para a produção de MEG renovável em conjunto com a Braskem: “A Haldor Topsoe é líder mundial em soluções catalíticas e estamos determinados a manter essa posição também na área de energias renováveis. Nosso objetivo é mostrar que as tecnologias catalíticas inovadoras podem tornar os produtos químicos a partir da biomassa uma opção comercialmente atraente”.

As primeiras amostras desenvolvidas na unidade de produção em Lyngby começarão a ser testadas pelos clientes apenas em 2020.

De acordo com Gustavo Sergi, diretor de Químicos Renováveis da Braskem, o processo para desenvolvimento de MEG renovável representa um grande avanço em termos de competitividade para o PET verde. “Essa parceria agrega valor ao nosso portfólio I’m green™, que já conta com o polietileno verde e o EVA verde, ambos produzidos a partir da cana-de-açúcar. Ela também reforça nossa visão de utilizar biopolímeros como ferramenta de captura de carbono, contribuindo para a redução na emissão de gases do efeito estufa”, afirma.

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Hoje, o uso da resina verde da Braskem é bem diversificado e o material ganhou outras variações, como a resina EVA (copolímero etileno acetato de vinila). O derivado da cana está em garrafas de Coca-Cola e até no solado dos chinelos da marca americana Allbirds, que também substituiu o plástico usado na sola de seus calçados pelo poliuretano obtido na extração do óleo da mamona.

Para a indústria que consome plástico, entrar nessa corrida verde é fundamental para atender à demanda de consumidores e de governantes, que têm sido pressionados em muitos países para criar leis mais rigorosas quanto ao uso e descarte de materiais de origem fóssil.

Em meados de janeiro, a Nestlé e a Danimer Scientific, desenvolvedora e fabricante líder de produtos plásticos biodegradáveis, anunciaram uma parceria global para o desenvolvimento de garrafas biodegradáveis. As duas companhias vão trabalhar juntas para projetar e produzir resinas de base biológica para a divisão de águas da multinacional suíça com o uso do polímero Nodax™ PHA, de propriedade da Danimer Scientific. Segundo comunicado divulgado pelas companhias, no ano passado, a Universidade da Geórgia (EUA) confirmou em um estudo que o Nodax™ é uma alternativa biodegradável eficaz aos plásticos petroquímicos. A PepsiCo, que também é parceira da Danimer, poderá ter acesso às resinas desenvolvidas nessa colaboração.

Compromisso

O PHA, segundo os pesquisadores da Danimer, se biodegrada em diferentes ambientes, como compostos industrial e doméstico, solo, água fresca e do mar.

No ano passado, a Nestlé assumiu o compromisso de tornar 100% de suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025. Recentemente, a subsidiária brasileira anunciou que deixará de usar canudos de plásticos em seus produtos até 2025. 

 Outra multinacional que vai nessa direção é a Electrolux, que construiu um protótipo de geladeira usando bioplásticos. Em entrevista em um evento em San Diego, o especialista em inovação da companhia, Marco Garilli, admitiu a dificuldade do projeto, desenvolvido em parceria com a NatureWorks LLC: “Ainda temos muito a aprender sobre esses materiais”.

Tipos de plástico com apelo sustentável

 » Bioplástico

Suas características são as mesmas do plástico convencional. No entanto, ele utiliza como matéria-prima alguma fonte renovável, como cana-de-açúcar, amido de arroz, milho e soja. Apesar disso, não necessariamente é um material biodegradável, apesar de ser possível reciclá-lo.

 » Biodegradável

Ao final do seu ciclo de vida, o material passa por um processo de compostagem de até 180 dias graças à ação de micro-organismos. Normalmente ele é obtido a partir de fontes vegetais, como celulose e amido.

 » Oxidegradável

São plásticos que recebem algum tipo de aditivo oxidegradável para acelerar o processo de degradação. Apesar desse apelo, o resíduo produzido não é inofensivo ao meio ambiente, já que contribui para a chamada poluição microplástica, ameaçando principalmente os oceanos.

Fonte: Correio Brasiliense – 7/2

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