09 de Julho de 2018
Notícias
Nos últimos anos a sociedade brasileira vem passando por uma revisão dos seus conceitos, criando mitos e vilões. A cada operação do Ministério Público e da Polícia Federal novos atores surgem. Os crimes são sempre os mesmos: corrupção, desvio de recursos públicos, mau uso da verba pública. Empresários e políticos dividem esse cenário, que a cada dia deixa o brasileiro mais descrente de que possa haver mudanças nesse quadro.
Essa desesperança preocupa o setor empresarial e as quatro Federações das Indústrias da região Sudeste decidiram fazer ações conjuntas para mostrar que empresários e sociedade fazem parte do mesmo todo.
Todos estão no mesmo barco e querem a mesma coisa, segundo o presidente da SIAMIG e do Conselho Empresarial de Meio Ambiente do Sistema FIEMG, Mario Campos. Mas essa comunicação precisa melhorar, porque o Brasil é um país de empreendedores, do micro, ao médio e grande empresário.
Os presidentes das Federações das Indústrias dos estados do Sudeste decidiram se unir em defesa da indústria e para caminhar junto com a sociedade. O que os empresários estão percebendo?
Essa união aconteceu porque já existe a união dos estados do Nordeste. As Federações do Nordeste, já há algum tempo se reúnem, têm uma união em prol dos interesses da região. É nesse sentido que as Federações do Sudeste, que é a região mais rica do país, estão se movendo e há essa necessidade de se unir em prol de uma discussão, não só do Sudeste, mas do Brasil. Esse é o principal motivador desse processo, porque, pensando que esta é a parte do país mais rica, que gera mais riqueza e renda, e que precisa pensar também no país. Nós precisamos pensar como será o primeiro dia de 2019, depois da posse do novo presidente da República e no final de janeiro, dos parlamentares que, ao que tudo indica, serão os mesmos. Hoje é proibido às empresas financiarem as campanhas, mas ao mesmo tempo há uma percepção, infelizmente, o que pode ser até uma falha do setor empresarial de se comunicar, um mau olhar sobre o empresário de forma geral.
As denúncias da Lava Jato tornaram os empresários em vilões?
Isso, a sociedade ainda vê o empresário como vilão. Essa situação é corroborada por algumas coisas, como os personagens das novelas, os empresários é que são vistos como ladrões, sonegadores, como pessoas que matam, que são corruptos. É um coronel, essa coisa que ficou no imaginário popular durante anos, infelizmente, ainda está na sociedade. Quando analisamos o empresário, nós estamos falando de uma grande empresa, de uma pessoa que tem uma lojinha no bairro, uma lojinha em uma região carente. São todos empresários. Pequeno, médio, grande e enorme empresário. O espectro é muito grande. A palavra empresário, que é normalmente alguém que assume uma postura de fazer algo, seja no comércio, indústria ou agricultura, que está dentro das cadeias produtivas, vai empreender e vai empregar. Quem gera o emprego é o empresário. A motivação dele de ser empreendedor, é fazer e produzir algo, gerar emprego, gerar renda, gerar oportunidades. O que falta no país é esse espírito do empreendedor. Nós vemos em muitos países da Europa e do próprio Estados Unidos, esse espírito empreendedor. Obviamente nós, como federação, como representantes do setor empresarial, nós queremos que o ambiente de negócio seja propício a esse movimento empreendedor, pois acreditamos que se derem condição ao brasileiro, ele avança, porque tem característica de empreendedor. Se o brasileiro encontra muita dificuldade, dificilmente ele vai fazer, porque a vida não é fácil.
Há uma visão distorcida?
Nós hoje, e durante muitos anos, pecamos pela falta de comunicação efetiva com a sociedade. Hoje, uma pessoa que é um empregado, amanhã pode ser um empresário. Não existe empresa sem empregado. Não existe empregado sem alguém que empreendeu e gerou emprego. Nós somos fruto da mesma coisa. Nós somos parceiros e precisamos caminhar juntos. Precisamos defender esse interesse comum da sociedade, de ter um ambiente de negócio propício, que possibilite esse empreendimento e estamos falando de simplificação tributária, de desburocratização de todos os processos. Passam dias e dias para se abrir uma empresa e mais o dobro para fechar. Esses processos todos de que falamos há vários anos, de simplificação tributária, de desburocratização, de redução dos entraves, da necessidade de carimbo pra lá e pra cá, dificultam a atividade empreendedora no Brasil e isso precisa ser discutido. Quando o estado gera emprego é quando ele faz concurso público, mas não é o objetivo dele o de gerar emprego. O objetivo dele é ofertar serviços públicos de qualidade e gerir esse sistema. Quem vai gerar emprego é a atividade empreendedora e pode vir do comércio, da indústria, da agricultura no micro, no médio e no grande empresário.
Como fazer essa aproximação?
Nós temos hoje no discurso do presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, quando ele fala do interesse difuso da sociedade, do interesse comum da sociedade. A sociedade quer, atualmente, que nós paguemos menos impostos. É o que nós queremos como empresários, Ao mesmo tempo, queremos que o Estado tenha mais transparência, tenha menos corrupção, menos complicação em todo o processo e ofereça um serviço público de qualidade. O interesse de um lado é o mesmo do outro e nós nunca nos comunicamos. Os quatro presidentes das Federações das Indústrias da região Sudeste têm o mesmo objetivo nesse sentido, de valorização da atividade empreendedora no Brasil e de restabelecer a confiança no sistema produtivo para que o Brasil possa crescer com sustentabilidade.
Como despertar o interesse da população e do empresário para a discussão política?
Não adianta nós acharmos que vamos resolver os problemas sem a política. A política faz parte da democracia e nós temos que participar. A partir do ano que vem, acredito que efetivamente, teremos que ter uma relação mais próxima com aqueles que nos representam. A cobrança que hoje já é enorme, vai se acentuar. A transparência será muito maior. Qualquer tipo de ação que um parlamentar pratique, ou um governador, o presidente ou um prefeito, tem que estar respaldada por aqueles que são seus representados. Não basta criticar o que não foi feito. Nós temos que aplaudir e valorizar aquilo que foi feito da forma correta. Precisamos colocar os nomes das pessoas que tem espírito público, dos que pensam no bem coletivo, à frente e mostrar para a sociedade que essa pessoa que colocou a cara para bater, ela fez algo de bom para a sociedade. Essa será a nova forma de interlocução entre a sociedade e seus representados no Congresso Nacional, talvez com uma conotação mais regional, devido a base do parlamentar. Essa força regional vai se acentuar. Nós temos que defender o interesse da sociedade, do que une a classe que empreende e do que depende desse empreendedor. Nós estamos no mesmo barco e se não começarmos a andar juntos, esse barco pode afundar. Aliás, já está afundando.
Fonte: Blog do PCO – 08/07/2018
Veja também
24 de Abril de 2024
Evento do MBCB destaca potencial da descarbonização da matriz energética brasileiraNotícias
24 de Abril de 2024
WD Agroindustrial promove intercâmbio cultural em aldeia indígena para celebrar o dia dos povos origináriosNotícias
24 de Abril de 2024
Raízen encerra safra 2023/24 com moagem recorde de 84,2 milhões de toneladasNotícias