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Dia do Rio preocupa produtores mineiros

06 de Julho de 2017

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A proibição da captação de água na bacia do rio São Francisco para a irrigação, durante as quartas-feiras, imposta pela Agência Nacional das Águas (ANA) deve impactar de forma negativa a produção agrícola de Minas Gerais.

A proibição foi instituída em 19 de junho e pegou de surpresa o setor produtivo, que estima perdas na produtividade das lavouras e pomares. A medida tem como objetivo preservar os estoques nos reservatórios da bacia do rio São Francisco, onde o regime pluviométrico está, há sete anos, abaixo da média.

De acordo com a ANA, a princípio, a medida será válida até 30 de novembro, mas o prazo poderá ser estendido, caso ocorra atraso no início do período chuvoso.

O analista ambiental da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Guilherme Oliveira, explica que a decisão abrange rios importantes para a produção agrícola de Minas. Além do São Francisco, a restrição também afeta a captação no rio Preto, rio Urucuia e o rio Carinhanha.

“Levando-se em consideração que estamos no período em que se exige mais a irrigação, já que é o período de seca, um dia sem a captação equivale a 15% a menos de água a ser aplicada nas culturas por semana. Esta situação restringe a área plantada e quem já implantou a produção terá como consequência queda na produtividade”, explicou Oliveira.

Com a decisão, importantes áreas produtoras de Minas Gerais, como o Jaíba, no Norte do Estado, e parte da região Noroeste serão afetadas. Na região Noroeste do Estado, o impacto negativo com a restrição do uso da água atingirá a produção da safrinha, principalmente de milho. Com a irrigação reduzida, a tendência é de queda na produtividade.

“No caso do rio Preto, que abastece parte do Noroeste, por exemplo, a restrição ao uso da água para a irrigação atingirá a produção de grãos e cereais. A situação é complicada, já que a decisão foi tomada após o plantio da segunda safra e o produtor não teve tempo de planejar as ações. A tendência, com a menor oferta de água, é de queda na produtividade e produção. Diante da mudança, é preciso reavaliar o ciclo da cultura, compensar a irrigação em outros dias e, em casos de falta do recurso hídrico, reduzir a área de plantio e irrigar uma área menor garantindo assim, parte da produção”.

Nas culturas perenes, como no Norte de Minas, onde está localizado o Projeto Jaíba, a consequência da restrição no uso do recurso hídrico às quartas-feiras é a queda na produtividade dos pomares e na qualidade e tamanho final das frutas.

O setor produtivo reconhece a importância de preservar os estoques da água na bacia do rio São Francisco, porém, criticam como a decisão foi tomada, sem discutir a ação junto aos setores produtivos e impondo a restrição sem tempo hábil para um planejamento prévio.

“Se o assunto tivesse sido discutido, o produtor teria planejado uma redução de área ou plantado uma cultura que exige menos água, o que evitaria prejuízos. A ANA monitora constantemente o clima, a pluviosidade e a vazão. Então por estes dados a agência tem noção do que está acontecendo, mas deixaram para tomar a decisão na última hora. O ideal era ter antecipado, o que permitiria um planejamento prévio por parte dos produtores e indústrias, evitando prejuízos”, disse Oliveira.

(Fonte: Diário do Comércio – 06/07/17)

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