Datagro vê superávit de 10,8 milhões de toneladas de açúcar em 17/18

Em uma apresentação transmitida pelo Facebook, o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari, apresentou estimativas de excedente de açúcar no mundo acima das projeções apresentadas cerca de um mês atrás, em evento em Ribeirão Preto, em razão do forte ritmo de produção de Índia, Tailândia e União Europeia.

Em suas projeções, a produção da commodity excederá o consumo nesta safra global (2017/18) em 10,8 milhões de toneladas, enquanto o cálculo para o superávit de oferta da safra seguinte, que começa em outubro, foi estimada em 7,6 milhões de toneladas.

Em março, Nastari havia divulgado que a perspectiva para o excedente desta temporada era de 5,4 milhões de toneladas e, para a safra 2018/19, de 4,3 milhões de toneladas.

O analista ressaltou que a produção da Índia, já bastante elevada nesta safra, pode ser favorecida no próximo ciclo pelas intenções de aumento de área cultivada com cana. Segundo Nastari, estima-se que a extensão com a cultura passará de 4,9 milhões de hectares para 5,1 milhões de hectares. Ele ressaltou que produção de açúcar pode ser ainda maior a depender da produtividade agrícola e do nível de sacarose na cana, “o que depende das chuvas de monções que acontecem agora”.

A Datagro também revisou sua projeção para a produção de açúcar no Centro-Sul, antes de 31,6 milhões de toneladas, para baixo, agora em 30,8 milhões de toneladas. Em relação à safra passada (2017/18), esse volume representaria um enxugamento de 5,26 milhões de toneladas de açúcar por parte do maior exportador global.

Porém, segundo Nastari, isso será "insuficiente" para compensar o aumento de produção de Índia, Tailândia e a perspectiva de manutenção da produção na União Europeia.

A respeito do mercado de etanol, o analista avaliou que os preços do hidratado podem ganhar alguma sustentação quando houver repasse da queda dos valores já registrados para as usinas aos motoristas.

Desde o início da safra, os preços do etanol hidratado pagos aos produtores já sofreram forte desvalorização. Nastari acredita que o preço do produto ainda pode cair mais um pouco, para algo entre R$ 1,45 a R$ 1,50 o litro, mas que a queda acentuada verificada desde o início do mês não deve se repetir. Atualmente, as usinas estão recebendo cerca de R$ 1,52 por litro de etanol hidratado.

As usinas do Centro-Sul têm maximizado sua produção de etanol nesta safra. Para Nastari, a produção total do biocombustível neste ciclo será 1 bilhão de litros maior do que na passada, que foi de 26,062 bilhões de litros, segundo a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).

Nastari disse que o preço do etanol hidratado já está próximo do custo de produção e que o valor negociado atualmente era previsto para ser registrado apenas no início de junho, próximo do pico da safra.

A forte desvalorização do etanol hidratado não foi acompanhada na mesma intensidade pelos preços do etanol anidro, que costuma ser mais caro. No início da safra, o etanol anidro estava com uma diferença de apenas 0,7%, enquanto agora o produto já está com um “prêmio” de 3,6%, segundo o analista.

Fonte: Valor Econômico - 24/04/2018