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Custo do comércio no Brasil cairá até 14%

23 de Fevereiro de 2017

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A Organização Mundial do Comércio (OMC) estima que a entrada em vigor de um novo acordo de facilitação de comércio vai reduzir os custos de exportação e importação no Brasil em até 14%. Ontem (22), o tratado entrou em vigor, depois que o 112º país ratificou o acordo, já assinado em 2013.

O acordo prevê dezenas de medidas de desburocratização de exportações e importações, permitindo fluxo de bens pelo mundo e reduzindo custos para a indústria. Para que ele entrasse em vigor, dois terços dos membros da OMC precisavam ratificá-lo, o que ocorreu ontem. Ainda que os valores não sejam alvo de consenso, a OMC estima que, no médio prazo, ganhos associados seriam de US$ 1 trilhão para a economia mundial.

No caso do Brasil, as estimativas apresentadas pela OMC sugerem que o custo de exportar  e importar pode ser reduzido em 14%, avanço importante para os principais operadores. “Não tenho dúvidas de que o acordo fará o produto brasileiro mais competitivo”, ponderou o diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo.

Em sua avaliação, o exportador brasileiro ganha “nas duas pontas”. Ao sair do País, o produto exportado terá um custo de logística menor e, ao chegar ao consumidor no exterior, o acordo também prevê maior facilidade para fluxos comerciais. “Ele ganha na facilitação da exportação e na entrada do produto no mercado de destino”, disse.

Questionado se a medida teria impacto para ajudar o Brasil a sair da recessão, Azevedo indicou de forma positiva. “Vai aprimorar as cadeias produtivas brasileiras. Hoje, você produz dependendo de insumos importados e a previsibilidade da entrada do insumo, seu custo, tudo é importantíssimo para uma cadeira produtiva eficiente”, afirmou.

“Se implementado de forma adequada, esse acordo vai gerar um grande ganho”, avaliou, lembrando que o setor privado brasileiro teve um papel importante em conduzir o governo a apoiar as iniciativas, em 2013. “Em muitos lugares, e isso não é algo exclusivo do Brasil, as autoridades têm dificuldades em mudar suas práticas, mudar o que fazem”, apontou. “Elas acham que já estão fazendo tudo muito bem. Mas o operador econômico, do setor privado, é quem está muito bem posicionado para determinar onde reduzir custos, diminuir a burocracia”, ponderou.

Azevedo, quando embaixador do Brasil na OMC, em 2012, alertou que o acordo deveria ser feito com outros entendimentos, como a redução de subsídios agrícolas, e não de forma isolada, como agora. “Para o Brasil e muitos outros, esse não é um tema que se equilibra sozinho”, disse em 7 de junho de 2012.

Questionado ontem sobre esse seu posicionamento em 2012, o brasileiro deixou claro que falava em nome do governo brasileiro, e não em sua capacidade individual. “Foi o embaixador do Brasil quem disse aquilo.

Ele ainda insistiu que o tratado é “a maior reforma comercial já feito neste século” e que manda “uma mensagem poderosa sobre o poder do comércio para gerar empregos”.

A OMC estima que os custos de comércio no mundo serão reduzidos em 14,3%. Segundo Azevedo, são os emergentes quem mais ganharão com o acordo. As estimativas apontam que países em desenvolvimento poderiam aumentar em 20% a gama de produtos exportados, diversificando suas economias.

O tratado também abre as portas para que essas exportações entrem em um terço a mais de mercados pelo mundo. Segundo Azevedo, até 2030, o tratado promete aumentar em 2,7 pontos percentuais a expansão do comércio. Para o PIB mundial, o impacto pode chegar a 0,5% por ano. “Isso seria maior que a eliminação de todas as tarifas existentes pelo mundo”, considerou o brasileiro.

(Fonte: Agência Estado – 23/2)

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