05 de Julho de 2018
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Um ano após conseguir a primeira liberação de uso comercial no mundo de uma cana transgênica, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) inicia agora uma fase em que pretende otimizar seus esforços em inovação. O plano é ampliar a oferta de variedades geneticamente modificadas e elevar a venda das convencionais sem grandes expansões em investimentos, que alcançaram R$ 90,5 milhões na safra passada, a 2017/18.
No front da transgenia, a companhia pretende chegar ao fim da temporada atual, a 2018/19, com pedidos para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberar ao menos mais duas variedades de cana geneticamente modificada.
No ano passado, o CTC conseguiu a liberação para vender sua primeira variedade transgênica, resistente à broca da cana. A variedade aprovada foi desenvolvida para o Centro-Sul e para a colheita que ocorre no meio de safra, em ambientes "favoráveis". Agora, o objetivo é conseguir a aprovação para outras variedades com a mesma transgenia, mas apropriadas a condições mais adversas.
Em maio, a companhia apresentou à CTNBio um pedido para liberação de outra variedade transgênica contra a broca, destinada ao plantio em solos mais pobres - como no Cerrado e algumas áreas de São Paulo - e em áreas de colheita precoce. Até o fim desta safra, "mais uma variedade transgênica com certeza será apresentada, talvez duas", afirmou Gustavo Leite, presidente do CTC, ao Valor, sem dar detalhes.
Essa deve constituir a "primeira onda" de inovações em biotecnologia do CTC, e a meta é criar 10 variedades geneticamente modificadas resistentes à broca, cada uma adaptada a diferentes condições.
A "segunda onda" de inovação biotecnológica deverá ocorrer após o lançamento das 10 primeiras variedades transgênicas e buscará um gene de resistência a herbicidas e outro para garantir a resistência ao bicudo, que afeta a produtividade da cana.
Quando essas pesquisas derem resultados, o CTC pretende criar variedades de cana com genes que a tornem resistente tanto à broca e ao bicudo como a herbicidas, disse Leite.
A adoção da transgenia ainda está nos primeiros passos. Até o momento, a variedade liberada já foi plantada em 400 hectares. Nos três primeiros ciclos, os clientes deverão apenas multiplicar a área com essa variedade, prática que costuma ampliar a área em quatro vezes por safra.
Mas o presidente do CTC acredita em uma velocidade maior de multiplicação por causa dos resultados que as lavouras já semeadas demonstram. Segundo ele, relatos indicam que o nível de infestação de broca nas lavouras transgênicas é "virtualmente zero". "Nas áreas de cana convencional, mesmo com herbicida, há infestações em 8% a 10% da cana. Nas nossas canas transgênicas, só houve dois casos de 0,5% de infestação", afirmou.
O executivo vê um cenário também promissor no segmento de cana convencional. Em volume, as vendas dessas variedades crescem 20% a 25% ao ano, ritmo que Leite espera que seja mantido neste ciclo. Até o fim da safra passada, as variedades de cana sobre as quais o CTC cobra royalties ocupavam 1,2 milhão de hectares, e a perspectiva é que a área avance para até 1,5 milhão de hectares no ciclo atual.
O crescimento é maior na venda das variedades "premium", desenvolvidas para sob medida para regiões e climas bastante específicos. Na safra passada, essas variedades representaram 10% do faturamento da companhia, 5 pontos a mais do que no ciclo anterior. Em 2017/18, a receita do CTC, basicamente proveniente de royalties, subiu 9%, para R$ 144,3 milhões.
Essa receita deve continuar garantindo o orçamento para os investimentos, que devem priorizar agora o projeto de sementes, existente há seis anos. No ano passado, o CTC realizou testes de plantio de cana em estufa, e neste ano a companhia começará a fazer o plantio em lavouras de usinas. Se os resultados se mostrarem satisfatórios, será necessário erguer uma planta-piloto de produção de sementes, afirmou.
Fonte: Valor Econômico - 05/07/2018
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