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Crescem apostas na queda das cotações das commodities

30 de Novembro de 2018

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Em meio a movimentos financeiros derivados de oscilações do dólar e do petróleo, as cotações das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil permanecem sob pressão nas principais bolsas americanas. Vão encerrar novembro com variações relativamente modestas, mas ainda em baixo patamar, e os mais recentes posicionamentos dos fundos de investimentos que atuam nesses mercados sinalizam que novas retrações estão por vir.

Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) mostram que, na bolsa de Chicago, a soja deverá fechar o mês com alta pouco inferior a 2% em relação a outubro. Mas, em decorrência das disputas comerciais entre Estados Unidos (segundo maior país exportador, atrás do Brasil) e China (maior país importador), na comparação com novembro de 2017, a baixa ainda supera 10%.

 Em decorrência das rusgas entre Washington e Pequim, o grão tem encontrado dificuldades para romper a barreira de US$ 9, nível que espreme as margens de lucro dos produtores americanos, mas que, no Brasil, tem sido parcialmente compensado pelos prêmios pagos nos portos. Aparentemente, não haverá refresco. Conforme levantamento da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), na semana-móvel encerrada no dia 20, os fundos ampliaram as apostas na queda da oleaginosa.

No mercado de milho, menos suscetível aos reflexos da guerra sino-americana - a China ainda importa volumes pequenos do cereal -, as perspectivas de reação que vinham tomando corpo minguaram, em parte em virtude da boa colheita nos EUA, e os fundos inverteram suas apostas, que passaram a ser de baixa. Em novembro, de acordo com o Valor Data, a média dos contratos de segunda posição deverá ser quase 1% menor que a de outubro e 6% superior a de novembro de 2017 - ainda inferior à barreira de US$ 4 por bushel, superada pela última vez em maio de 2018, pico da entressafra americana.

Se os exportadores de grãos não têm muito a comemorar no que diz respeito aos preços praticados em Chicago, os de "soft commodities" (açúcar, café, suco de laranja e algodão) também estão perdendo o sono ao acompanhar o comportamento das cotações na bolsa de Nova York. Como o Brasil domina as exportações de açúcar, café e suco, nessa frente o embate entre o dólar e o real tem tido grande peso no direcionamento dos mercados.

Em novembro, conforme o Valor Data, a única "soft commodity" do quarteto que registrará aumento do preço médio dos contratos de segunda posição de entrega em relação a outubro é o algodão - e ainda assim uma valorização pífia, inferior a 1%. Açúcar e suco fecharão o mês com baixas de quase 3% e o café recuará pouco menos de 2%. As comparações com as médias de novembro de 2017 também não são generosas: açúcar e suco caem cerca de 14% e a baixa do café ficará em torno de 10%. Mais uma vez, o algodão aparece com variação positiva, superior a 12%.

E, também em Nova York, os investidores ficaram mais pessimistas. Na semana móvel encerrada no dia 20, os fundos reduziram suas apostas na alta de açúcar e algodão e passaram a vislumbrar queda maior do suco. No caso do café, reduziram as apostas de baixa, mas o saldo líquido de contratos comprados permanece negativo, o que não é um grande alento. Em geral, nos quatro mercados as perspectivas são de oferta confortável, o que limita o espaço para reações expressivas.

Valor Econômico - 30/11/2018

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