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Consumo de etanol cresce 64% em plena entressafra da cana

03 de Abril de 2019

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Mesmo na entressafra da cana, o que provoca redução nos estoques do álcool, abastecer o carro com o combustível continua compensando em Belo Horizonte e no Estado. É que o preço do derivado da cana segue competitivo na comparação com a gasolina, conforme levantamento desta semana da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O etanol é vendido, em média, por 68,51% do preço da gasolina na capital. O preço médio do litro do combustível foi de R$ 3,129, na coleta feita pela agência entre os dias 24 e 30 de março, enquanto o litro da gasolina custou, em média, R$ 4,567. O litro do etanol é mais vantajoso para o consumidor quando vale 70% ou menos que o preço da gasolina.

Em Minas, aconteceu o mesmo, em igual período, sendo que o combustível custa 67,34% do preço da gasolina. O litro do etanol vale, em média, R$ 3,128 no Estado, e o da gasolina, R$ 4,645. Na comparação com a semana anterior, o preço médio do etanol teve recuo no Estado, já que o litro custava R$ 3,140 no intervalo de 17 a 23 de março.

De acordo com o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos,o preço do etanol vem se mantendo competitivo ante a gasolina em Minas Gerais desde abril do ano passado. “Isso tem refletido no considerável aumento do consumo mês a mês. Em fevereiro, por exemplo, a demanda pelo etanol cresceu 64% no Estado na comparação com o mesmo mês de 2018”, diz. Segundo ele, é a primeira vez que o álcool se mantém mais competitivo do que a gasolina durante o período da entressafra da cana, que vai de novembro a abril.

No país, as vendas de hidratado somaram 1,729 bilhão de litros em fevereiro, crescimento de 39% na comparação com o mesmo mês de 2018 e um novo recorde para o mês, de acordo com dados da ANP. São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás responderam por 77% das vendas em todo o território nacional.

Campos explica que os últimos quatro meses foram de entressafra para o setor, e, mesmo assim, os preços do combustível derivado da cana se mantiveram competitivos frente a gasolina. “Foi atípico. Agora, não é só a safra sozinha que define o valor do etanol. A dinâmica do preço, da competição entre os combustíveis, leva em consideração o preço do petróleo no mercado internacional e o câmbio”, analisa. A política da Petrobras de reajustes dos preços da gasolina quase que diariamente também contribui para a perda da competitividade do derivado do petróleo.

De acordo com o dirigente, a safra 2019/2020 começou neste mês e deve se estender até novembro. “Ainda não temos estimativa, mas acredito que a produção deve seguir no patamar de 2018”, diz. Além de Minas, ainda vale a pena abastecer o carro com o etanol hidratado em quatro Estados do país. Em Mato Grosso, o combustível derivado da cana é vendido em média por 58,89% do preço da gasolina; em Goiás, a 65,19%; e em São Paulo, por 68,97%. Na média dos postos pesquisados no país, a paridade é de 68,07% entre os preços médios do etanol e da gasolina, também favorável ao biocombustível. A gasolina segue mais vantajosa em Roraima, com a paridade de 92,43% para o preço do etanol.

Setor quer investir R$ 1,6 bi

O setor sucroenergético de Minas Gerais está apostando na ampliação do setor de energia, segundo o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. “Vai ser um vetor de crescimento da atividade”, frisa. Ele conta que, no último mês, entregou ao governador do Estado, Romeu Zema, o programa de bioeletricidade do segmento no em Minas, que contempla 23 projetos que devem ser implantados em até cinco anos. “A dinâmica do mercado vai definir o ritmo de implantação das usinas”, observa. O investimento, conforme o dirigente, é da ordem de R$ 1,6 bilhão.

Com todos os projetos implantados, a geração deve chegar a 5 milhões de megawatts/hora. No ano passado foram 2,9 milhões de megawatts/hora. A bioeletricidade é uma energia limpa e renovável, feita a partir da biomassa: resíduos da cana-de-açúcar (bagaço e palha), restos de madeira, carvão vegetal, casca de arroz, capim-elefante e outras.

No Brasil, 80% da bioeletricidade vêm dos resíduos da cana. Cada tonelada de cana-de-açúcar moída na fabricação de açúcar e etanol gera, em média, 250 kg de bagaço e 200 kg de palha e pontas. Além de atender as necessidades de energia das usinas, o setor sucroenergético gera excedentes de energia elétrica, fornecidos ao sistema elétrico nacional. Caso utilizasse todo seu potencial, o setor sucroenergético poderia gerar de energia elétrica mais de três usinas de Belo Monte.

Em 2018, o Estado de São Paulo gerou 11.608 GWh de bioeletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN), 44,1% do total. A segunda colocação permaneceu com Mato Grosso do Sul, com 4.369 GWh de bioeletricidade. Minas Gerais ficou com a terceira posição no ranking, gerando 3.235 GWh para a rede em 2018, um valor 8,3% superior ao de 2017, representando 12,3% do total de geração da bioeletricidade ofertada para o SIN em 2018.

O Tempo – 03/04/19

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