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Confiança da indústria cai com demanda fraca e incerteza

29 de Agosto de 2018

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A indústria voltou a ficar pessimista em agosto, abalada pelo aumento das incertezas no país e pelo enfraquecimento da demanda. A recuperação da confiança do setor não deve vir no curto prazo, na avaliação de Tabi Thuler Santos, coordenadora da sondagem da indústria da transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Divulgada ontem, a pesquisa, feita com 1.084 empresas, mostrou que o índice de confiança do setor (ICI) caiu 0,4 ponto, para 99,7, menor nível desde janeiro, quando estava em 99,4.

A diferença, nota a economista da FGV, é que naquele momento o indicador vinha numa trajetória ascendente, ao contrário de agora.

"O momento atual é pior que em janeiro, quando o nível de confiança era parecido", diz. Ela lembra que as expectativas sobre a economia foram sendo frustradas ao longo do ano, algo que a paralisação dos caminhoneiros, em maio, só fez piorar.

Agora, questões internas, como o período eleitoral, se somam às turbulências no cenário externo, que têm provocado uma forte volatilidade no câmbio, o pior dos mundos para a indústria. "Tudo isso deixa o ambiente pouco próspero para a recuperação da confiança no curto prazo", afirma Tabi. "

A sondagem mostra um aumento no percentual de empresas com estoques excessivos, o que, junto com uma demanda fraca, sinaliza dificuldades para uma retomada mais consistente da produção industrial.

"A recuperação da indústria e da economia tem ficado ainda mais distante", diz. O aumento dos estoques foi um dos principais fatores para a queda do indicador de condições atuais e da confiança em geral do setor.

Em outra sondagem divulgada nesta semana, a da construção civil, a fraqueza da demanda também esteve entre os principais motivos da queda da confiança. Nesse caso, o recuo na demanda veio justo de um segmento que vinha melhorando: o de edificações. O indicador de confiança da construção caiu 1,6 ponto, para 79,4, ficando ainda mais distante do ponto neutro, de 100.

Na indústria, o indicador de expectativas teve uma pequena melhora, de 0,3 ponto, puxada pela alta na perspectiva de emprego. Mas Tabi Thuler pondera que o subindicador de emprego subiu 2,1% em agosto, depois de ter caído 11,7% em julho.

Falando sobre a forte desvalorização cambial das últimas semanas, Tabi diz que, entre perdas e ganhos, é difícil calcular o resultado líquido desse movimento. Embora o dólar forte possa beneficiar exportadores, também encarece a importação de insumos importantes para a indústria.

"O resultado líquido dessa equação é sempre uma incógnita, mas, independentemente do nível do câmbio, o mais importante é sua previsibilidade", afirmou a economista.

Fonte: Valor Econômico – 29/08/2018

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