18 de Abril de 2019
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Com o anúncio, ontem, do início de produção do primeiro veículo híbrido brasileiro, a Toyota fortaleceu o movimento dos que acreditam que, por falta de infraestrutura adequada para carregamento de baterias, em mercados emergentes como o Brasil a eletrificação tem que começar pelos modelos híbridos.
A partir de outubro, o consumidor brasileiro poderá comprar não apenas o primeiro carro híbrido produzido no Brasil como também o primeiro no mundo que poderá ser abastecido com etanol.
A soma do resultado de pesquisas, ao longo dos últimos quatro anos, da sinergia entre as equipes de engenharia da filial do Brasil e a matriz, no Japão, e a vantagem fiscal obtida no fim de 2018 com a redução do IPI para carros eletrificados, fez surgir o Corolla híbrido flex, anunciado pelo presidente da Toyota Brasil, Rafael Chang, como o "híbrido mais limpo do planeta".
Chang levou ontem uma unidade "camuflada" do futuro Corolla até o Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para mostrá-lo ao governador João Doria. A montadora quer manter em segredo, por enquanto, o formato final do carro porque o Corolla será renovado tanto na versão híbrida como na convencional, com motor a combustão. O Corolla que será vendido no Brasil a partir de outubro seguirá o desenho do último modelo europeu, a 12ª geração de um dos automóveis mais longevos do mundo. O primeiro Corolla foi lançado no Japão em 1966.
Segundo Chang, o lançamento de novos modelos híbridos no Brasil depende da aceitação do consumidor e, consequentemente, da escala de produção. O executivo sabe que o preço será fator determinante na expansão desse mercado. O Corolla convencional vendido hoje custa a partir de R$ 90 mil. O Prius, um híbrido da marca importado do Japão, é vendido no Brasil por R$ 125 mil.
O motor do híbrido, parte significativa no custo de um automóvel, será importado do Japão. A direção da montadora conta, por outro lado, com redução da carga tributária. Até o início de 2018, os veículos eletrificados pagavam alíquota máxima de IPI - 25%. O imposto foi reduzido levando em conta as características de cada produto, incluindo peso.
O Corolla híbrido pagaria hoje 11%. Mas a expectativa da direção da Toyota é que no lançamento do carro já esteja regulamentada mais uma redução, que faz parte do novo programa de incentivos fiscais, o Rota 2030. Com isso, o IPI do modelo cairá para 8%, um ponto percentual acima do IPI do chamado carro popular.
A chegada da eletrificação na indústria automobilística leva também investimentos para a fábrica da Toyota em Indaiatuba (SP), inaugurada há 20 anos para produzir o Corolla. A preparação e modernização da unidade para receber a nova linha híbrida absorverá R$ 1 bilhão.
O veículo híbrido funciona com dois motores. Um elétrico, que o movimenta na maior parte do tempo, é carregado pelo outro, a combustão, que, no caso do Corolla brasileiro permite o uso de gasolina ou etanol.
O diferencial do futuro Corolla em relação aos demais híbridos é que o uso do etanol reduz ainda mais as emissões de dióxido de carbono por ser um combustível de origem 100% renovável.
Além do mercado brasileiro, a partir do próximo ano o Corolla híbrido será exportado para os mercados latino-americanos onde o modelo convencional produzido no Brasil já é vendido - Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Peru e Colômbia.
A Toyota foi pioneira na produção de carros híbridos em massa, com o Prius, lançado no Japão em 1997 e, em seguida nos Estados Unidos e Europa. A evolução desse tipo de veículo fez surgir o chamado híbrido plug-in, que permite carregamento em tomada. Algumas marcas de luxo, como a BMW, já vendem importados com essas características no Brasil.
A Toyota sempre defendeu o híbrido como o melhor ponto de partida para a eletrificação por dispensar a infraestrutura com postos de recarga de baterias.
A montadora japonesa ainda não produz carros 100% elétricos. Mas as exigências de mercado já começam a provocar mudanças de conceitos. Como a China exige que os novos carros sejam totalmente elétricos, a Toyota já se prepara para lançar, em 2020, no mercado chinês, seu primeiro veículo 100% elétrico.
Fonte: Valor Econômico – 18/4
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