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Com baixo consumo de milho, MT aumentaria lucro com usinas de etanol

27 de Novembro de 2017

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Embora lancem novas perspectivas sobre o problema de escoamento da produção de milho em Mato Grosso, a inauguração recente de duas usinas de etanol no Estado ainda está longe de resolver a questão. Atualmente, pelo menos 80% da produção vai para outras estados em um percurso que toma grande parte da lucratividade, por apresentar problemas de infraestrutura nas estradas e altos valores de fretes. Diante do cenário o ideal seria que a implantação deste tipo usina consumisse uma porcentagem de pelo menos 50% da safra.

A avaliação é do presidente da Fundação Mato Grosso, Claudinei Kappes. Ele lembra que o cultivo de grão também significa estímulo para outras produções, como a suinocultura, que se destaca no médio-norte do Estado. Ainda assim, o consumo animal não seria capaz de sozinho, sanar o gargalo.

"Acredito que isso ainda vai demorar, mas os investimentos viáveis estão nas usinas, que oferecem um consumo muito alto. Ainda temos um longo caminho a trilhar", explicou ao Agro Olhar.

Em 2017 das mais de 30 toneladas de milho colhidas em Mato Grosso apenas 15 % permaneceu no Estado. Porcentagem, que ainda reflete o baixo valor agregado à safra, pode crescer a partir de investimentos na produção de etanol, favorecendo outras cadeias e gerando pelo menos dois mil empregos indiretos para cada investimento no setor.

Os dados foram divulgados recentemente pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, que pesquisou a viabilidade deste tipo de empreendimento, assim como os benefícios sociais e ambientais que o circundam.

O estudo aponta que, a partir da implantação, as indústrias têm capacidade para gerar, para cada emprego direto, outros 14 diretos e 10 induzidos. No total, cada empreendimento pode criar 2175 empregos em sua região, número suficiente para mudar a realidade econômica das populações locais. Além disso, a coordenação entre as diveras cadeias produtivas tem potencial para mitigar a emissão de gases do Efeito Estufa em quase 70%.

Durante o XIV Seminário Nacional de Milho Safrinha, realizado em Cuiabá na última semana, ele lembrou reforçou as dificuldades impostas pela logística estadual. "Tomando Sorriso como exemplo, como o produtor vai mandar uma carga de milho de lá para Paranaguá? Vai chegar lá valendo quase nada, porque o frete comeu tudo. Para o Norte, é quase a mesma coisa, então logisticamente estamos em uma condição que não ajuda. Para produzir, é perfeito, mas para escoar, é complicado. As rodovias estão precárias, o preço do óleo diesel só aumenta."

Somente em Mato Grosso, onde mais se cultiva e produz essa modalidade no País, são 4,7 milhões de hectares de área cultivada, um incremento de 9,7% em relação à safra 2015/16, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Hoje, o Mato Grosso concentra quase metade da área plantada com soja semeada com o milho safrinha. Sorriso é o município com a maior área cultivada de milho safrinha, algo em torno dos 440 mil hectares. E o Médio Norte de Mato Grosso, uma das regiões agrícolas mais importantes do Brasil, é responsável por 43% da área e da oferta estadual da produção desse cereal.

Milho Safrinha

Francisco Soares Neto, diretor presidente da Fundação MT, também destacou a importância do milho safrinha para o sistema de produção e o que foi primordial para o cenário positivo que temos hoje. "Foram muitas mudanças para que isso acontecesse, o melhoramento genético da soja é uma delas, traz a cada ano variedades mais precoces, com tetos produtivos muito bons, o que faz com que o produtor consiga plantar mais cedo milho de alta produtividade e colher bem".

Ele enfatizou o melhoramento genético do próprio milho, que tem evoluído com híbridos precoces e de boa adaptação para o cerrado brasileiro nas condições de pouca água. "A biotecnologia está sendo agregada ao milho a cada ano, claro que essa não é a única solução que faz crescer o valor desse cereal, mas sabemos que ajuda muito no aumento da produtividade e no desenvolvimento da cultura", disse.

(Fonte: AgroOlhar – 26/11/17)

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