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Colombo aprimora gestão e vislumbra abertura de capital

10 de Agosto de 2020

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Dono da segunda marca mais popular de açúcar do Brasil, o grupo Colombo, que vende o açúcar Caravelas, passou nos últimos anos por uma profunda reorganização societária e de gestão. Com a conclusão dessas transformações, a companhia paulista, que faturou R$ 1,6 bilhão na safra passada (2019/20), mira agora a participação no mercado de capitais e aspira a uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em três a cinco anos.

Em um prazo mais curto, até o início do ano que vem, o grupo se prepara para uma emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), com expectativa de levantar entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões. Para isso, contratou a consultoria FG/A e passa por uma avaliação da agência de classificação de risco Standard and Poor’s (S&P). Outros instrumentos de dívida, como a emissão de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), também são vistos como opção.

Na última safra, encerrada em março, o grupo teve uma margem Ebitda ajustada de 54,5%, e encerrou o ciclo com uma dívida líquida de R$ 1,1 bilhão. Assim, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) alcançou 1,2 vez, patamar bastante confortável em um setor conhecido por companhias endividadas.

“O principal objetivo com a abertura de mercado é o crescimento. Já somos referência, mas queremos ser ainda mais. Temos um diferencial que é a marca Caravelas, que não é só uma commodity”, diz o diretor administrativo financeiro do Colombo, Anderson Travagini, que assumirá como CEO em 2021, em entrevista ao Valor.

A marca Caravelas, que tem 25 anos, é a segunda mais vendida do país - a União, que pertence à Camil, é a líder desse mercado -, e possui 5 mil clientes, muitos dos quais na Grande São Paulo e no Rio de Janeiro. Segundo o executivo, os mercados mais promissores para o crescimento do grupo são os de São Paulo e Espírito Santo.

De acordo com Travagani, a abertura de capital é uma oportunidade para apoiar o objetivo de dobrar a produção atual e expandir a capacidade de processamento de cana. Com três usinas no interior paulista, o grupo Colombo deve moer 10 milhões de toneladas nesta safra (2020/21), próximo de seu potencial máximo, de 10,5 milhões de toneladas. Na safra passada, a companhia moeu próximo de 9 milhões de toneladas de cana. Com uma safra mais alcooleira, suas unidades produziram 23,6 mil sacas de 50 quilos de açúcar e 491,7 milhões de litros de etanol.

Por enquanto, os recursos levantados com o CRA devem bancar operações de investimento em cogeração de energia e na fabricação de açúcar. A opção pelo CRA, afirma Travagini, é uma forma de diversificar as fontes de financiamento, mas não só. O acesso ao mercado de dívidas é visto como um primeiro relacionamento com o mercado de capitais, além de ser a coroação de um processo de profissionalização da companhia iniciado há oito anos, sob a batuta de Travagini.

O primeiro passo dessa mudança foi a troca gradual dos membros da família Colombo por gestores na direção da companhia. Foi criado um conselho de administração para estabelecer a ponte entre a família e o negócio, com sete cadeiras para os sócios e duas para conselheiros independentes. Também foram criados comitês estratégicos para apoiar o colegiado, como comitês de risco e de compliance.

A estrutura societária da família também foi reorganizada. Foram criadas sete holdings familiares para agrupar os diferentes núcleos do clã. Estas holdings passaram a controlar uma nova holding, a Angelina Participações SA., que por sua vez tem as ações das empresas operacionais.

Também foi reorganizada a estrutura corporativa. A empresa agrícola foi incorporada à companhia industrial, gerando a Colombo Agroindústria, enquanto o negócio de terras foi segregado em uma empresa à parte, controlado agora pela Angelina Participações. Cada diretoria na agroindústria tem políticas de gestão de risco e de compliance, enquanto a empresa tem agora controles internos e auditoria interna - “para futuros investidores”, afirma Travagini.

As unidades de cogeração de energia, com capacidade para exportar cerca de 505 megawatts-hora (MWh), foram separadas da usina e agora cada uma é controlada pela holding dos Colombo. O objetivo foi preparar cada planta para receber investidores, afirma Travagini. “Alguns parceiros já nos procuraram, como a CPFL”, afirma ele.

Para realizar as mudanças na organização, o grupo contou com assessoria do Hay Group, da KPMG, da PwC e da Mac Gestão. A reorganização societária teve apoio dos escritórios Pinheiro Neto e Demarest.

 

Fonte: Valor Econômico – 10/08

 

 

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