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Clima faz agricultura mineira se concentrar em quatro regiões

06 de Fevereiro de 2017

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O mapa da produção agrícola mineira mudou e se concentrou na última década. As mudanças climáticas e a necessidade de mecanização da produção para controle de custos foram os principais fatores que atuaram nesse processo, que culminou em 82,7% da produção de grãos do Estado em 2016 estar em apenas quatro regiões: Triângulo, Alto Paranaíba, Noroeste e Sul.

Em 2006, elas já eram significativas, com 78,5% da produção de grãos, mas o volume era menor. Em 2006 foram 7,37 milhões de toneladas de grãos, de um total de 9,4 milhões. Dez anos depois, as quatro regiões foram responsáveis por 9,67 milhões de toneladas, do total de 11,7 milhões.

Por outro lado, Norte, vales do Jequitinhonha e do Mucuri, região do Rio Doce e Zona da Mata viram sua relevância agrícola diminuir no mesmo período. A produção de grãos na região do Rio Doce caiu 53,3% nesses dez anos, enquanto a queda nos vales do Jequitinhonha e do Mucuri foi de 46,6%, e de 12,8% no Norte. A Zona da Mata perdeu 30% da produção de grãos em 2016  frente 2006.

“A questão climática é significativa principalmente no Norte do Estado, onde a seca tem afetado a produção. Outras regiões, como a Zona da Mata e região do Rio Doce, sofrem com uma topografia que dificulta a mecanização das lavouras. Hoje, a mecanização é necessária para manter os custos competitivos e é facilitada no Noroeste e no Alto Paranaíba”, diz o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez.

Segundo o coordenador técnico da Emater-MG em Janaúba, no Norte do Estado, André Mendes Caxito, além da seca, a agricultura local enfrenta longas estiagens e um aumento na temperatura média que também é prejudicial. “Hoje, a região investe em produtos que consigam superar até 31 dias sem nenhuma precipitação, como o milheto e a palma forrageira. Milho e feijão não aguentam; produção desses produtos aqui só em áreas irrigadas”, conta.

A alta da temperatura no Estado também é vista como um alerta para produtores de café,  na avaliação da analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Ana Carolina Gomes, mesmo com significativo crescimento da produção de café no Estado. Segundo a Fundação Procafé, a temperatura média na região cafeeira do Sul de Minas, em 2014 e 2015, ficou 2ºC acima da média histórica (22ºC). Já em 2016, as temperaturas médias da região se aproximaram da média histórica.

O Norte do Estado está abandonando a produção de grãos e investindo em produtos agrícolas, como o milheto e a palma forrageira, dirigidos para alimentação de gado e mais resistentes a longos períodos de estiagem.

“O milheto e a palma forrageira são mais resistentes que o sorgo, que é uma cultura mais difundida na região. Com mais de 30 dias sem chuva, o sorgo pode até resistir, mas a perda pode chegar a 50% do investimento”, afirma o coordenador técnico da Emater-MG em Janaúba, no Norte do Estado, André Mendes Caxito.

 Para o analista de agronegócios da Faemg, Caio Coimbra, o investimento em produtos mais resistentes é uma adaptação à realidade. “Os produtores devem entender qual é a realidade da região, que hoje se aproxima muito mais ao semiárido do Nordeste, e investir em novas culturas”, afirma Coimbra, que também defende o investimento na palha forrageira. O milheto e a palha forrageira já são comuns no Nordeste do país. São origináros da África e do México, respectivamente.

 (Fonte: Jornal O Tempo – 5/10) 

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