12 de Junho de 2019
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O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defendeu ontem que a estatal não deve mexer na fórmula de reajuste dos preços dos combustíveis e argumentou que já foram tomadas todas as medidas possíveis em relação ao diesel, foco de insatisfação de caminhoneiros desde o ano passado. Mesmo diante da pressão da categoria, Castello Branco disse que o problema não é do preço nos postos de gasolina, mas sim do excesso de caminhões para uma demanda menor no mercado.
"Se gerou uma situação clássica de desequilíbrio entre oferta e demanda. Tem mais caminhão do que serviços no mercado. Há muito caminhão batendo lata nas estradas. O tabelamento de frente agravou essa situação. Muito empresário do agronegócio resolveu criar sua própria frota", disse. "A Petrobras pouco pode fazer, acabamos com o reajuste diário do combustível e lançamos o cartão do caminhoneiro", minimizou.
O presidente da estatal falou sobre o assunto, durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Ele foi convidado pelos deputados para explicar a elevação dos preços dos combustíveis no País. Na audiência, Castello Branco procurou se contrapor à política de preços do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, o fato de a gestão petista ter baseado o preço do diesel em seus custos, em vez de usar o mercado global como referência, resultou um prejuízo que varia entre R$ 100 bilhões e R$ 180 bilhões para a empresa.
"Os combustíveis são commodities globais, dependem da oferta e demanda global. Se insistirmos na metodologia de custo, estaremos ignorando a regra mais básica da ciência econômica, que é o custo de oportunidade. O que aconteceu entre 2011 e 2014? O governo mandou a Petrobras ignorar a ciência econômica e basear o preço [dos combustíveis] no custo, isso resultou numa grande perda, de R$ 100 bilhões, da Petrobras. Aí a Petrobras reconheceu o seu erro e passou a outro extremo, o reajuste diário de preços", disse.
Castello Branco também usou a gestão petista quando o assunto foi a venda de refinarias da petroleira. Questionado sobre o "desmonte" da estatal, ele rebateu que o governo está fazendo, na verdade, uma "gestão de porfólio". "Não vamos vender todas [as refinarias], não vamos sair do negócio de refino. Escuto que há desmonte na Petrobras, não há desmonte nenhum”, disse.
A companhia pretende investir US$ 105 bilhões em cinco anos e vender ativos no valor de US$ 30 bilhões. Desses US$ 105 bilhões, US$ 90 bilhões vão ser investidos em petróleo e gás. Não há desmonte, há simplesmente uma gestão de portfólio. Segundo Castello, Branco é necessário retirar aqueles ativos que nas nossas mãos não são rentáveis e deixar na mão da Petrobras aqueles que são rentáveis.
O presidente da Petrobras ainda respondeu perguntas sobre o mercado de gás natural e reafirmou intenção de "abrir caminho" para a entrada da iniciativa privada no setor. Isso porque, segundo ele, o monopólio do setor não trouxe benefícios nem para a sociedade nem para própria empresa brasileira. "O gás é um negócio em que a Petrobras tem praticamente um monopólio em todas as fases. Isso não se traduziu em nenhum benefício tanto para a sociedade como para a empresa monopolista. Vamos abrir caminho para que a iniciativa privada e investidores privados se juntem a nós, eu não gosto de solidão nos mercados, gosto de companhia", disse.
Sobre esse assunto, ele acrescentou que, apesar da abertura do mercado, a Petrobras deve investir, inclusive, para que a frota de caminhões brasileiros passe a usar gás natural, em vez de diesel.
"Vamos utilizar mais gás e fazer isso através do gás natural liquefeito. Nós podemos adotar tecnologia semelhante a da China, que está fazendo isso. A Petrobras vai fazer esforços para que isso seja viável no país", disse aos parlamentares.
Valor Econômico - 12/06/2019
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