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Candidatos evitam tomar posição sobre o frete mínimo

30 de Agosto de 2018

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Tema mais caro ao setor do agronegócio no momento, o tabelamento de frete rodoviário para cargas dominou as sabatinas ontem na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com os principais presidenciáveis. Os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) posicionaram-se contra o frete mínimo, porém sem se comprometer em revogar a lei que normatizou a cobrança, como defenderam 18 entidades do setor em estudo entregue ontem aos candidatos, como antecipou o Valor.

Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos) não chegaram a firmar posição sobre o tabelamento. Os outros dois candidatos convidados, Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT), não compareceram ao evento. A ausência de Bolsonaro frustrou boa parte dos representantes do setor, que vem declarando apoio ao candidato.

Candidato com mais simpatia entre a maior parte dos empresários e dirigentes de classe e lideranças do setor presentes no evento, Alckmin afirmou que o piso mínimo para o frete é fruto de uma sequência de políticas de governo mal conduzidas e se mostrou um "retrocesso no país". A lei do frete mínimo foi sancionada no início deste mês pelo presidente Michel Temer como parte de um acordo com entidades de caminhoneiro para cessar as greves da categoria que afetaram o país no fim de maio.

O ex-governador de São Paulo afirmou que o frete mínimo foi desencadeado primeiro por um desequilíbrio nas contas públicas que levou o governo a "turbinar" os tributos PIS e Cofins sobre combustíveis e a Petrobras a fazer reajustes diários no preço do óleo diesel. Ele defendeu que os reajustes sejam a cada 30 dias.

Alckmin propôs um fundo de catástrofe que seria alimentando em partes pelo setor privado como política de seguro rural, uma das demandas históricas do agronegócio brasileiro. E se comprometeu com as reformas tributária, previdenciária e política, e fez uma promessa de reeditar uma medida provisória proposta pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para impedir que terras invadidas sejam destinadas à reforma agrária. Ele também procurou confrontar, ainda que indiretamente, o adversário Bolsonaro, em relação à questão de igualdade de espaços e condições de trabalho para homens e mulheres.

Meirelles, que já defendeu um processo de desconcentração bancária no país, com estímulo a cooperativas de crédito e fintechs, enfatizou a necessidade de aprovação da reforma da Previdência, bandeira do governo do presidente Michel Temer que não vingou no Congresso. Se eleito também prometeu focar na simplificação do sistema tributário brasileiro e insistir na implementação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). E destacou que o Brasil precisa retomar investimentos em infraestrutura, como em hidrovias, um dos gargalos da economia clamados pelo setor agropecuário, um dos gargalos do país e do agronegócio.

Para uma plateia de representantes do agronegócio a favor da liberação mais ágil de agrotóxicos no país, a candidata do Rede, Marina Silva, posicionou-se contra a flexibilização dos registros desses produtos e defendeu que o governo conte com mais estrutura de pessoal e financeira para analisar os pedidos. Porém, ela fez acenos ao setor, se comprometeu em dar continuidade ao programa Renovabio apoiar a assistência técnica rural e ampliar recursos para o seguro rural. E afirmou ser contrária à liberação do porte de armas para pessoas que vivem em áreas rurais.

O candidato Alvaro Dias defendeu o combate à corrupção como seu principal plano de governo para viabilizar investimentos públicos. Em relação ao setor do agronegócio, ele defendeu mais apoio à assistência técnica e extensão rural, ao microcrédito, seguro rural e à armazenagem agrícola. E se comprometeu com uma reforma tributária e pediu mais transparência do governo nas informações sobre tributos, dívida pública e negociação de títulos públicos.

Fonte: Valor Econômico - 30/08/2018

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