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Cana lidera criação de vagas no Nordeste, mas indústria dá sinais de reação

27 de Novembro de 2017

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Os últimos três meses sinalizaram uma inversão de tendência no emprego no Nordeste, que tem sido puxado principalmente pela indústria ligada à cana de açúcar. Mas a região também registra bom desempenho em alguns segmentos na indústria de transformação. "Pelo ritmo que temos visto até agora, a região deve fechar o ano com saldo positivo no emprego", afirmou a coordenadora do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), Hellen Cristina Rodrigues Saraiva Leão.

No mês de outubro, o Nordeste teve um saldo positivo de 37.801 vagas, o que representou quase metade dos 76,6 mil empregos no saldo nacional, segundo o Caged. Até setembro, a região tinha um saldo negativo de 30 mil vagas, um número que já foi maior ao longo do ano, quando o mercado de trabalho nordestino, na média, ainda não registrava a recuperação gradual exibida pela maior parte do país.

Os Estados de Pernambuco e Alagoas, os dois dos maiores produtores nordestinos de açúcar ajudaram a puxar o resultado positivo em especial após setembro, quando começa a colheita de cana na região. Impulsionada principalmente pelo segmento de alimentos e bebidas, a indústria de transformação tem sido destaque, com saldo positivo de 18.565 empregos, segundo números compilados pela Etene atualizados até setembro.

O desempenho não é exatamente uma surpresa, uma vez que esse efeito sazonal no ciclo da cana é esperado para essa época do ano. No entanto, uma análise mais minuciosa mostra que outros segmentos também apresentam melhora, afirma Hellen, da Etene. "Dentro da indústria de transformação vemos, mês a mês, um desempenho bom no setor de calçados e no de produtos químicos também", diz.

Ela destaca ainda o segmento automotivo em Pernambuco, que conta com uma fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) em Goiana. Segundo o Valor apurou, por conta das boas vendas do modelo Compass, a unidade estuda implementar um terceiro turno de trabalho e realizar novas contratações para a fábrica. Outro destaque na economia regional, afirma Hellen, é a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), empreendimento da mineradora Vale no Ceará que tem movimentado o mercado de trabalho na Região Metropolitana de Fortaleza. O Ceará criou 2.918 vagas em outubro, mas no ano ainda registra saldo negativo de 869.

Em paralelo, a fruticultura irrigada do vale do São Francisco tem puxado o bom desempenho da agropecuária, que tem saldo positivo de 10.264 vagas no Nordeste no acumulado do ano. "O motor do crescimento da economia nesse momento têm sido as exportações, por isso essa região tem se destacado", diz a economista da Etene.

Ela explica que as maiores perdas no emprego no Nordeste ocorreram até abril. "A partir de maio, esse movimento começou a ceder e, em agosto, a virada ficou mais clara", diz. Ainda pesa, no entanto, a lenta recuperação do comércio, que acumula um déficit de 22.325 vagas no ano.

O Etene projeta que, neste ano, o desempenho do PIB da região Nordeste deve ficar próximo ao da média nacional, estimado em uma alta de 0,7%.

(Fonte: Valor Econômico - 27/11/2017)

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