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Brasil e Argentina defendem novos acordos comerciais contra protecionismo da era Trump

08 de Fevereiro de 2017

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Brasil, Argentina e os demais países do Mercosul devem aproveitar o momento atual para investir em novos acordos comerciais, especialmente com a União Europeia e o México, afirmaram nesta terça-feira os presidentes Michel Temer e Maurício Macri, durante visita do chefe de Estado Argentino a Brasília.

"A União Europeia mostra maior interesse em um acordo agora e temos de estar prontos para essa negociação e para todas que se apresentarem, como com a Aliança do Pacífico e com o México. O México está olhando para o sul agora com maior atenção", disse Macri na Declaração à Imprensa, no Palácio do Planalto, depois da reunião com Temer.

"Levantamos o tema de uma integração cada vez maior da América Latina, no particular, América do Sul, México inclusive, para fazermos uma relação mais próxima do Mercosul e Aliança do Pacífico", disse Temer.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não foi citado diretamente em nenhuma das declarações dos presidentes sul-americanos, mas ficou clara a análise de que o Mercosul deve aproveitar o momento de aumento do protecionismo e a virada da política comercial norte-americana.

A visita de Macri, no entanto, não avançou em dois temas caros ao governo brasileiro: a entrada do açúcar no mercado argentino e as travas para as autopeças brasileiras impostas pela Argentina.

Os argentinos mostraram disposição de negociar na questão do açúcar, mas não há solução à vista ainda para a crise das autopeças. Criado no ano passado, o novo regime argentino para o setor dá créditos tributários às montadoras pela aquisição de componentes de fabricação local, o que é considerado guerra fiscal pelo governo brasileiro.

"É um assunto relevante. Foi tratado, não há assunto tabu na relação com a Argentina, mas foi apenas uma referência. As negociações estão caminhando, mas não há uma solução à vista", disse a fonte.

Em abril deste ano haverá uma reunião em Buenos Aires, em nível ministerial, para tentar resolver o problema. O governo brasileiro pediu o adiamento da implementação das regras, no ano passado, e foi atendido. Mas agora o governo argentino deve começar a pô-las em prática, enquanto os negociadores brasileiros avaliam como uma violação das regras da Organização mundial do Comércio, e uma possível reclamação ao órgão.

Um dos resultados mais concretos de uma visita basicamente política foi a decisão de investir em um programa de convergência de normas técnicas, sanitárias e fitossanitárias para facilitar o comércio entre Brasil, Argentina e, posteriormente, os demais países do bloco.

Os dois presidentes assinaram uma carta endereça ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) pedindo ajuda para fazer a normatização, com a intenção depois de criar uma agência binacional.

"Para tornar mais fluídos os fluxos de comércio e de investimentos, temos que reduzir e é o que foi debatido, temos que reduzir ao mínimo as barreiras técnicas, sanitárias e fitossanitárias", afirmou Temer.

"Essa nova agência que estamos propondo acredito que será outro salto adiante para facilitar a livre circulação e fortalecer a integração produtiva", defendeu Macri.

(Fonte: Reuters - 07/02)

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