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Brasil deverá ganhar ainda mais peso no comércio global

17 de Julho de 2020

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O Brasil continuará ampliando seu peso no comércio agrícola mundial, ao mesmo tempo em que crescerá a preocupação dos consumidores sobre a sustentabilidade ambiental dos alimentos, aponta o relatório “Perspectivas Agrícolas 2020-29”, publicado por OCDE e FAO.

Segundo o trabalho, América Latina Caribe como um todo deverão consolidar sua posição de primeiro fornecedor mundial de produtos agrícolas na próxima década - a produção deverá aumentar 14% no período e as exportações tendem a crescer 1,7% ao ano, em média. Assim, em 2029 a região representará 60% das exportações mundiais de soja, 40% no caso do milho, 39% no de açúcar e terá fatia de 35% nas vendas de carnes bovina e de frango.

Depois da América Latina e do Caribe, a América do Norte será o segundo fornecedor mundial, mas suas exportações avançarão menos (1,3% ao ano). O Leste Europeu (Rússia e a Ucrânia, principalmente) e a Ásia Central ficarão em terceiro.

A Asia-Pacífico, região mais povoada do planeta, continuará a exercer a maior influência na demanda de produtos destinados à alimentação humana nos próximos dez anos, já que deverão representar 53% da população mundial em 2029 (4,5 bilhões de habitantes).

Nesse cenário, as projeções são de que Brasil, China, EUA e União Europeia (UE) representarão cerca de 60% da produção mundial de carnes até o fim da década. A produção brasileira de carne bovina ficará atrás da dos EUA. Mas o país vai superar a Índia como maior exportador global.

O Brasil continuará na liderança das exportações de carne de frango. A oferta de frango terá o maior crescimento globalmente e representará quase metade do aumento da produção total de carnes. No caso de carne suína, o Brasil também manterá um peso importante. A parte da China nas importações mundiais passará de 17%, em 2017, para 29% em 2020, e a maior parte dessas importações virá de Brasil, Canadá, EUA e UE.

O estudo também atesta que as despesas alimentares dos consumidores estão mudando. Haverá um aumento global da quantidade de carnes consumida, mas com diferenças: o crescimento anual do consumo de carnes por habitante nos países desenvolvidos será de 0,24% ao ano, representando apenas um quarto da taxa de crescimento da ultima década, enquanto alcançará 0,8% nos países em desenvolvimento, ou o dobro da taxa da década precedente. Nas nações ricas, preocupações ambientais e com saúde vão favorecer uma transição de fontes animais de proteínas para outras fontes (vegetais e insetos), bem como a substituição mais imediata de carne vermelha, como a bovina, por carne de frango e pescado, considerados mais saudáveis, dizem OCDE e FAO.

No caso da soja, o Brasil que já superou os EUA como maior produto e exportador mundial nos últimos anos, terá na próxima década uma taxa de crescimento anual superior a dos EUA (1,5% contra 0,6%) na produção. Assim, a colheita brasileira deverá alcançar 140 milhões de toneladas em 2029, ante 120 milhões nos EUA. O Brasil será responsável por 48% das exportações mundiais do grão em 2029, 1 ponto percentual a mais do que atualmente.

O principal cliente de brasileiros e americanos continuará a ser a China. As importações chinesas de soja deverão aumentar 1,8% ao ano e alcançar 105 milhões de toneladas em 2029, dois terços do total mundial.

O Brasil também voltará se consolidar como maior produtor mundial de açúcar, depois de ter perdido a posição para a Índia. A parte de etanol na utilização de cana deverá aumentar dos atuais 23% para 25% até 2029. Isso, em parte, graças à extensão do programa brasileiro RenovaBio, que visa reduzir emissões de gases de efeito estufa provocados pelo setor de combustíveis.

Já as exportações brasileiras de algodão deverão registrar alta de 94% e firmar o país como o segundo exportador mundial até 2029. Pela projeção, o Brasil terá 10% da produção e 22% das exportações no fim do período, só atrás dos EUA - com fatias de 15% e 35%, respectivamente. Quanto ao milho, finalmente, o Brasil poderá abocanhar 20% das exportações mundiais, abaixo da participação de 31% prevista para os Estados Unidos.

 

Fonte: Valor Econômico – 17/07

 

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