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Bloqueio de distribuidoras de combustível em Goiás causa prejuízo de R$ 40 milhões

16 de Novembro de 2017

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O bloqueio a distribuidoras de combustíveis em protesto contra os altos preços já causou um prejuízo de cerca de R$ 40 milhões ao setor, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto).

O ato começou na segunda-feira (13) e impediu a circulação de caminhões para transportar o produto em sete polos. Porém, os manifestantes saíram de três deles após decisões judiciais. Pelo menos 60 cidades goianas são afetadas pelo desabastecimento, sendo que em 15 não há etanol e gasolina nas bombas.

O movimento é organizado por motoristas, caminhoneiros, taxistas, mototaxistas e motoristas de aplicativos de transporte particular. Segundo o representante do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, a cada dia parado, seis milhões de litros de combustíveis deixam de ser transportados.

“Somando o valor do diesel, etanol e gasolina, fazendo a média entre eles e multiplicando pela quantidade de litros que deixaram de ser vendidos segunda e terça totaliza quase R$ 40 milhões que deixaram de circular”, explicou.

Porém, o valor pode aumentar, pois parte das distribuidoras segue bloqueada e as que foram liberadas ainda não estão operando devido ao feriado da Proclamação da República. A previsão é que a situação só comece a ser normalizada hoje (16).

“Hoje, mesmo sendo feriado, mais de 100 caminhões [que já estavam carregados quando o protesto começou] já saíram. A gente espera que, por uma questão de logística, à meia-noite, os caminhões que estavam de fora consigam entrar e, a partir das 6h de quinta-feira, consigam fazer a distribuição para os postos”, disse.

Apesar dessa liberação, o preço nas bombas deve continuar elevado. “O problema total é a Petrobras. Somente em novembro foram oito aumentos, totalizando 8,5%. De janeiro até a data de hoje, foram quase 40% de aumento. Os postos repassam esse aumento. Se a Petrobras segura uma semana sem aumento, com certeza o combustível iria abaixar”, justificou.

Em nota, a Petrobras informou que o petróleo tem os preços atrelados ao mercado internacional e às cotações variam diariamente. Ela explicou ainda que tem responsabilidade sobre apenas 29% do preço final do produto.

Desabastecimento

Ainda de acordo com o Sindiposto, pelo menos 60 cidades goianas estão com falta de algum combustível. Destas, 15 não têm nem etanol e nem gasolina nas bombas. Em Goiânia, até a tarde desta quarta-feira (15), 70 estabelecimentos enfrentam algum tipo de desabastecimento.

Com medo de não conseguirem abastecer, muitos motoristas enfrentaram longas filas para conseguir combustível. Além da longa espera, também tiveram que encarar o preço elevado. No estado, o litro da gasolina chega a R$ 4,99 e o etanol a R$ 3,74.

Liberação

Desde segunda-feira, os manifestantes bloquearam a entrada de sete polos de distribuição: dois em Goiânia e cinco em Senador Canedo. Porém, na manhã desta quarta-feira (15), uma distribuidora na capital e duas na Região Metropolitana foram liberadas.

“Saímos devido a ordens judiciais que recebemos da Justiça em Senador Canedo e Goiânia. Mas o movimento vai continuar nos demais pontos. E vamos recorrer das decisões”, contou Fabrício Nélio Feitosa, um dos representantes do movimento.

Recomendação

O Ministério Público recomendou aos postos de combustíveis de Goiás que retomem a margem de lucro bruta média praticada em julho deste ano, antes dos sucessivos reajustes de preço em Goiânia. O documento foi emitido na terça-feira (14), após a Superintendência Estadual de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) propôs uma ação contra 60 postos de combustíveis suspeitos de aumento abusivo no valor do etanol.

Segundo o Procon, alguns estabelecimentos tiveram lucro de até 120% em Goiânia. O reajuste também influencia no valor da gasolina. Conforme o levantamento do órgão, o lucro bruto dos postos de combustíveis saltou de R$ 0,24 para R$ 0,53 por litro de etanol vendido em alguns locais. Foi constatado que o reajuste nas distribuidoras foi de 3,55% no período de julho a novembro. Já nas bombas, esse índice foi de 14,29%.

No documento, o Ministério Público pede para o que Sindiposto notifique os estabelecimentos conveniados da recomendação em até cinco dias. O órgão destacou ainda que isso não tem o objetivo de “fixação de preços ao consumidor, uma vez que é recomendada a retomada da margem de lucro média bruta, específica de cada estabelecimento, que incidirá sobre os preços repassados pela Petrobras”.

O Sindiposto informou que via cumprir a recomendação. “É consenso entre os comerciantes fazer um pouco de esforços para segurar também, porque com esse preço alto, caiu 20% a venda. O valor de julho estava bem aquém. Então temos que ver as planilhas, as tabelas, mas todas as decisões judiciais vão ser confirmadas”, disse Lima.

(Fonte: G1 – 15/11/17)

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