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Biosev e Bunge traçam perspectivas para o mercado de açúcar e etanol

17 de Setembro de 2019

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O déficit global no mercado de açúcar para 2019/20 já é certo. Pelo menos é o que afirmam duas grandes empresas do setor sucroenergético: Biosev e Bunge. Nesta segunda-feira (16), durante o primeiro dia da NovaCana Ethanol Conference, os representantes das companhias apresentaram suas visões para o setor de açúcar e etanol no painel “Inteligência de Mercado em Ação”.

O déficit esperado pela Biosev para 2019/20 é de 5,4 milhões de toneladas, enquanto o da Bunge é de apenas um milhão de toneladas, caminhando para uma estabilidade.

Para o gerente de inteligência de mercado e energia da Biosev, Luiz Fernandes, o déficit não é um indicador positivo para o preço do açúcar. “Precisamos do déficit para deixar o mercado mais equilibrado”, pontua e completa: “Ter mais um superávit seria insustentável para os estoques como estão hoje”.

Para ele, o preço do açúcar em 2020 deve ficar abaixo do valor do etanol, de modo que as usinas brasileiras sigam priorizando o biocombustível, evitando um novo excedente para o açúcar. Recuperando um histórico entre 2012 a 2017, ele explicou que o etanol servia como o piso do preço do açúcar e não chegava a pagar o prêmio. Depois deste momento, a tendência inverteu e o biocombustível passou a ser o teto do mercado da commodity.

A gerente de pesquisa da Bunge, Luciana Torrezan, relembra que este é o primeiro déficit após dois superávits, graças às produções asiática e brasileira. “O Brasil reduziu em 10 milhões a produção do adoçante em 2019/20; outros países também reduziram, mas menos”, explica.

Ela também espera um crescimento 1,5% no consumo mundial por ano. “Daqui em diante, o mundo vai precisar que o Brasil aumente a produção de açúcar, mas isso não significa que o Brasil vai precisar maximizar a produção de açúcar. Pelo nosso exercício, isso só seria possível a partir de 2024/25”, afirma.

Ainda assim, por ora, ela destaca que grandes produtores detêm estoques recordes do adoçante. De acordo com Fernandes, o mundo ainda tem 4,5 milhões de toneladas excedentes até, pelo menos, o início de 2020.

“Ao longo de 2020, esse açúcar será consumido até chegar ao equilíbrio, mas o preço deve ficar pressionado durante este processo, até o segundo semestre de 2020, quando pode ter uma recuperação”, detalha Torrezan.

Projetando mais adiante, Torrezan espera que a moagem seja semelhante em 2020/21, dependendo da área disponível, podendo essa ser menor. Há grandes influências do clima que precisam ser consideradas até lá.

Produção de cana estagnada

Luiz Fernandes destaca que a moagem brasileira deve seguir estável, mesma visão de Luciana Torrezan. Para ambos, ela não deve ultrapassar as 600 milhões de toneladas nos próximos três anos.

O gerente da Biosev ainda pontua uma melhora na produtividade média. “Há uma tendência de redução da idade média dos canaviais”, acrescenta. Porém, a moagem estimada pela empresa deve ficar estável em 2018/19, entre 585 milhões e 595 milhões de toneladas para os próximos anos.

Olhando a curto prazo, para 2019/20, a Bunge estima uma moagem de 586 milhões de toneladas – já a Biosev projeta uma tonelada a menos. A produtividade esperada pela Biosev é de 77,4 toneladas de cana por hectare.

Além disso, a maximização da fabricação de etanol segue sendo esperada por ambas as companhias, com 32,1 bilhões de litros de biocombustível. Quando o assunto é açúcar, a Bunge espera 26,6 milhões de toneladas e a Biosev, 25,9 milhões de toneladas.

Já a demanda prevista para 2019/20 é a maior da história: 32,4 bilhões. Segundo Fernandes, o aumento da demanda se deu com a queda na relação entre o etanol e a gasolina no estado de São Paulo.

Fonte: NovaCana.com – 17/9

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