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Ano de 2019 tem recorde de usinas com pedido de recuperação judicial

31 de Outubro de 2019

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Existia uma máxima no mundo da cana-de-açúcar: o setor tem dois anos em alta e três de baixa. Era um jeito de explicar a gangorra economia sucroenergética, uma forma de alertar aos desavisados que era preciso poupar na época das vacas gordas para manter a atividade na fase das vagas magras.

Porém, esse cálculo de 2 por 3 caiu por terra, o setor amarga mais de 10 anos consecutivos de crise. Resultado:  80 unidades fecharam no País e das 400 em funcionamento, 82 estão em recuperação judicial, o que representa mais de 20% do setor. Apenas neste ano, três grandes grupos empresariais, que somam 20 unidades, entre eles a paranaense Santa Terezinha, entraram no Judiciário com pedido de recuperação – uma forma de alongar prazos de pagamentos, aplicar deságio em credores e obter outros benefícios jurídicos para não falir.

O pedido mais recente foi o do grupo Itaiquara, que produz diversos alimentos para o varejo. A dívida da companhia, que possui uma usina em Tapiratiba (SP) e outra em Passos (MG), é de quase R$ 700 milhões.

Segundo levantamento da RPA Consultoria, com o pedido da Itaiquara, o número de unidades industriais sucroenergéticas que pediram recuperação judicial apenas neste ano sobe para 23. Um recorde, superando com larga margem o ano de 2015, que até então registrava a maior quantidade de pedidos de recuperação dos últimos dez anos: 13 durante todo o ano, enquanto a média era 11.

As dificuldades do setor começaram em 2008 com a crise dos subprimes norte-americanos, que resultou na redução de empréstimos ao setor brasileiro. Momento em que o setor estava em expansão, com muitas usinas sendo construídas e outras reformadas. Quando cortaram o acesso ao financiamento bancário, os empresários precisaram terminar os investimentos com recursos próprios, o que prejudicou o caixa das empresas. O golpe fatal, que acentuou o endividamento das empresas, foi a retirada da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-combustíveis) no final do governo Lula em 2011, que segurou artificialmente o preço da gasolina até 2014, eliminando a competitividade do etanol.

Mas para especialistas na área, e integrantes do setor, o cenário sucroenergético, enfim, está mudando.

Fonte Cana Online – 31/10/19

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