14 de Junho de 2019
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A nova mudança na periodicidade dos reajustes da Petrobras, anunciada na última quarta-feira pela empresa, é mais um novo capítulo na história recente de idas e vindas da política de preços dos combustíveis da estatal, que já passou por quatro mudanças em pouco mais de um ano, no caso do diesel, desde a greve dos caminhoneiros de maio do ano passado.
Ao anunciar que não trabalhará mais com periodicidade definida nos reajustes, o presidente Roberto Castello Branco chega ao ponto em que gostaria desde que assumiu o comando da petroleira.
O executivo sempre foi contrário à fixação de uma periodicidade para os reajustes dos preços dos combustíveis. Em seus primeiros pronunciamentos como presidente da estatal, Castello Branco sempre questionou o uso do termo “política de preços” para se referir à prática de reajustes da companhia. Logo no início de sua gestão, em entrevista exclusiva ao Valor, em fevereiro, ele disse que o seu desejo era não definir uma periodicidade para os reajustes.
“Não podemos estabelecer periodicidade”, afirmou Castello Branco, na ocasião, ao defender que a companhia deveria realizar reajustes sempre que julgasse necessário.
As mudanças constantes na prática dos reajustes revelam as dificuldades da empresa em calibrar a melhor forma de se relacionar com os seus clientes. A greve dos caminhoneiros mostrou que a Petrobras não é uma “ilha”, isolada e imune das pressões externas de seus principais “stakeholders” [partes interessadas], sejam eles o seu acionista controlador, a União, ou seus clientes, em última análise, a sociedade.
Desde a paralisação de 2018, já foram quatro mudanças na prática de reajustes da estatal, só no caso do diesel. A história recente da política de preços da Petrobras é de idas e vindas. A greve dos caminhoneiros em maio do ano passado, pôs fim aos reajustes praticamente diários da gestão Pedro Parente.
Na tentativa de aplacar os ânimos do movimento, a petroleira anunciou na época uma medida extraordinária, um desconto de 10% no litro do diesel e um congelamento dos preços por 15 dias. Logo depois, o então presidente Michel Temer anunciou um programa de subsídios, com desconto de R$ 0,30 nos preços na refinaria, e reajustes mensais. Foi a primeira mudança.
Este ano, a Petrobras voltou a ter liberdade para reajustar a qualquer momento, mas, já preocupada com a reação dos clientes, reduziu a frequência por meio de mecanismos de proteção. Com o uso de hedge, a companhia estabeleceu que poderia congelar os preços por períodos de até sete dias consecutivos. Foi a segunda mudança.
A mais recente tentativa da Petrobras de reduzir a volatilidade dos preços havia sido anunciada em março. Em meio a rumores de uma possível nova greve de caminhoneiros, a empresa se comprometeu a reajustar o diesel com intervalo mínimo de 15 dias, tornando o reajuste mais espaçado.
A ideia, contudo, fracassou no primeiro teste. Em abril, depois de 20 dias com preços congelados, num momento de alta do petróleo, a estatal decidiu então aumentar em 5,7% o diesel. Após intervenção do presidente Jair Bolsonaro, a empresa então suspendeu o reajuste, o que gerou um forte estresse no mercado, com questionamentos sobre sua real autonomia para corrigir preços.
A quarta mudança veio ontem, quando a estatal anunciou que não trabalhará mais com periodicidade definida nos reajustes do diesel e gasolina.
Valor Econômico - 13/06/2019
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