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Ameaça de Trump à China derruba preços

07 de Maio de 2019

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Mais uma vez as cotações das commodities agrícolas caíram nas bolsas de Chicago e Nova York após ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à China. Usando o Twitter, como de costume, Trump reacendeu a disputa comercial com os chineses, que parecia caminhar para um armistício.

No domingo, o presidente americano postou que a alíquota sobre importações de produtos do país asiático no valor total de até US$ 200 bilhões deverá aumentar de 10% para 25% a partir da próxima sexta-feira, e que o montante total a ser afetado poderá ser ampliado para US$ 325 bilhões em breve.

 Segundo analistas, a tendência, se a ameaça se confirmar, é que produtos agrícolas americanos sejam prejudicados como retaliação de Pequim e o cenário anterior, de incertezas mais agudas sobre o futuro da disputa, volte a dar o tom.

A notícia surpreendeu os mercados e pressionou sobretudo soja e milho em Chicago e o algodão em Nova York. Os contratos mais negociados (julho) da soja caíram 1,4%, ou 12 centavos de dólar, e fecharam ontem a US$ 8,3025 o bushel. A reboque, os papéis do milho também para julho registraram queda de 1,8%, para US$ 3,6425 o bushel.

"O mercado todo foi pego de surpresa, o sentimento sobre as negociações era positivo", disse Ana Luiza Lodi, analista da INTL FCStone. Para Luiz Fernando Roque, da consultoria Safras & Mercado, a nova ameaça americana pode ser mais uma forma agressiva de negociação. "É uma maneira para pressionar por um acordo, que pode sair neste trimestre".

Na avaliação de Victor Ikeda, analista do Rabobank, o "jogo de xadrez do comércio de soja tem ficado cada vez mais complexo". "Mesmo que China e EUA entrem em acordo, a China pode levar anos para cumprir o combinado e chegar no volume de compras acordado", afirmou.

Em Nova York, os lotes do algodão com vencimento em julho registraram desvalorização de 2,81% (213 pontos) e encerraram o pregão a 73,55 centavos de dólar por libra-peso. De acordo com o analista Keith Brown, da consultoria DTN, "nesse cenário, os investidores seguram a respiração para ver se os chineses vão a Washington esta semana, como estava agendado previamente", disse, em nota. Nos cálculos de Jack Scoville, analista da Price Futures, o algodão ainda pode cair para 72 a 71 centavos de dólar por libra-peso.

Valor Econômico - 07/05/2019

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