11 de Abril de 2019
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Os preços do petróleo romperam nos últimos dias, pela primeira vez em 2019, o patamar de US$ 70 o barril e já acumulam uma alta de 32% no ano. A valorização da commodity volta a assombrar o mercado, diante dos riscos de impacto inflacionário, e desponta como o primeiro grande teste para uma das metas do governo de Jair Bolsonaro: manter os preços dos combustíveis alinhados com o mercado internacional.
Nas últimas semanas, a Petrobras espaçou os reajustes de derivados, em uma prática que tem levantado dúvidas sobre o alinhamento de preços entre o mercado interno e externo. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estima que o diesel vendido pela estatal, nas refinarias, estava, na terça-feira, entre 3% e 6% abaixo do preço de paridade importação (PPI). Não há, porém, consenso. A LCA, por exemplo, estima que os preços do diesel estão 21% acima da referência do golfo do México e que a gasolina seja vendida com defasagem de 16%.
Entre março e abril, a companhia chegou a ficar 17 dias sem aumentar a gasolina. O diesel, por sua vez, acumula 20 dias sem reajustes nas refinarias, o período mais longo sem mudança nos preços desde o fim do programa de subvenção de 2018.
Mesmo assim, nos cem primeiros dias do ano, a petroleira reajustou em 15,4% o litro do diesel e em 28,5% o da gasolina, nas refinarias, em um movimento bem mais intenso que o registrado em igual período do ano passado, quando os derivados registraram quedas de 0,04% e 5,1%, respectivamente.
Em meio ao aumento do petróleo, os preços da gasolina também seguem trajetória de alta nos postos. A empresa de pesquisa de mercado Triad Research calcula que o preço médio atingiu, na segunda-feira, R$ 4,511 por litro na bomba, o maior do ano na média do país. No acumulado de 2019 o comportamento é estável. Já o diesel acumula alta de 2% nos postos.
A Petrobras esclareceu que seus preços levam em consideração a paridade internacional, margens para remuneração dos riscos inerentes à operação e o nível de participação no mercado. A estatal explicou que calcula o PPI a partir de simulações sobre o custo de potenciais competidores na importação, mas ressalva que o PPI "não é um valor absoluto, único e percebido da mesma maneira por todos os agentes".
Em março, a petroleira decidiu que passaria a reajustar o diesel em intervalos não menores que 15 dias. A decisão coincidiu com a veiculação de informações - negadas pelas lideranças do movimento - de que uma nova greve de caminhoneiros estaria em gestação. A empresa informou que garante sua rentabilidade por meio de mecanismos de proteção (hedge).
Antes do anúncio de março, porém, a estatal vinha reduzindo a frequência dos reajustes que, antes da greve de 2018, eram praticamente diários. Nos cem primeiros dias do ano, a Petrobras reajustou o diesel 14 vezes (média de uma vez por semana) e a gasolina 24 vezes (um a cada quatro dias).
Segundo dois analistas consultados pelo Valor, a promessa da Petrobras de usar hedge mantém o sangue-frio do mercado quanto ao fato de a estatal estar segurando os reajustes, mas o atraso no repasse faz com que o mercado coloque uma lupa sobre a estatal.
Valor Econômico - 11/04/2019
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