14 de Novembro de 2019
Notícias
A guerra comercial entre Estados Unidos e China “vai longe” na visão do professor sênior de agronegócio global do Insper, Marcos Jank. “Temos, por isso, de tomar cuidado e manter equidistância prudente dos EUA e da China”, recomendou ele durante palestra no Summit Agronegócio Brasil 2019, realizado ontem em São Paulo, promovido pelo Estado, com patrocínio da Corteva.
Jank lembrou que, para o agronegócio brasileiro, negociar hoje com a União Europeia “não é mais grande coisa”. “A Europa deixou de ser um mercado relevante para o setor agropecuário do Brasil”, reforçou. Já os mercados asiáticos – China e Sudeste da Ásia, principalmente –, e do Oriente Médio têm extrema importância. “Estamos falando de 61% das exportações do agro brasileiro”, citou.
Na avaliação do especialista, é preciso atenção também à Índia e à África. “Só 10% do que o agro brasileiro exporta vai para lá, mas Índia e África têm 3 bilhões de habitantes, que serão 5 bilhões em 2050 e quase 7 bilhões em 2100”, disse.
Muito além dos gargalos logísticos ou da oscilação de preços de commodities agrícolas ou da guerra comercial EUA- China, um dos principais obstáculos enfrentados pelo agronegócio brasileiro atualmente é a dificuldade de se comunicar e de mostrar ao mundo que é sustentável. Essa dificuldade foi citada por todos os debatedores do painel “Além de Pop, Tech e Sustentável”.
Para a diretora comercial da consultoria Labhoro, Andrea Cordeiro, o setor tem, de fato, “dificuldade de comunicação”. “Temos um agro extremamente eficiente, focado em práticas de melhoria e tecnologia e ainda temos dificuldade de mostrar lá fora a sustentabilidade do nosso País”, disse. “O Brasil, internamente também precisa despertar a consciência do valor do agro e mostrar o quanto estamos comprometidos com a sustentabilidade.”
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Arnelo Nedel, concordou com a consultora da Labhoro, acrescentando que a agricultura brasileira “nunca soube fazer propaganda do que ela faz”.
Sustentabilidade
A disputa entre alimentos produzidos de forma tradicional e os alimentos orgânicos não contribui para o esclarecimento do consumidor final acerca da sustentabilidade dos alimentos. “A população quer ter um alimento seguro. Às vezes, ela é enganada pensando que um é mais seguro que outros. Não existe um contra o outro, desde que produzidos com sustentabilidade”, afirmou Eduardo Leduc, membro do Conselho da CropLife - organização formada por Bayer CropScience, FMC, Syngenta, Basf e Sumitomo Chemical.
Segundo o executivo da CropLife, os alimentos orgânicos têm menor produtividade que os convencionais, o que levaria à necessidade de maior área agrícola para alimentar a população mundial.
“O controle disso é muito precário. Estudos mostram claramente que o fato de ser orgânico não é mais sustentável e também oferece riscos se não for bem produzido”, acrescentou Leduc.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Arnelo Nedel, aposta na tecnologia para ajudar o consumidor a fiscalizar a forma de produção dos alimentos e ter maior controle sobre a sustentabilidade. “Acredito que a tecnologia vai ajudar muito na rastreabilidade do produto, permitindo ao consumidor fazer o caminho inverso”, disse Nedel.
Fonte: O Estado de S.Paulo – 14/11/19
Veja também
18 de Abril de 2024
Futuro do setor bioenergético brasileiro é tema de debate da Revista CanaOnlineNotícias
18 de Abril de 2024
Brasil apoia iniciativa indiana para sediar Aliança Global de BiocombustíveisNotícias
18 de Abril de 2024
Produtores brasileiros de etanol podem ser os primeiros beneficiados da indústria de SAFNotícias