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Açúcar: mercado pode ser impactado por mudança na legislação naval em 2020

02 de Janeiro de 2020

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Devido ao período de entressafra no Centro-Sul do Brasil, as perspectivas para o açúcar no 1° trimestre 2020 devem ser majoritariamente focadas nos principais polos produtores e consumidores do hemisfério Norte. Contudo, nova regulamentação naval pode impactar os preços do produto no Brasil no período.

Perspectivas para as Américas

Nas Américas, o setor açucareiro dos Estados Unidos é destaque, visto que em relatório de O&D publicado em novembro, o USDA reduziu as perspectivas de produção de açúcar no país em 2019/20 (out-set) para 7.813 mil toneladas – queda anual de 4,2%. Em paralelo, a relação estoque/uso foi diminuída para 10,5% (-4,0 pontos percentuais).

Posteriormente, lavouras de beterraba no Meio-Oeste foram atingidas por geadas, reforçando as expectativas de menor fabricação de açúcar no país e a maior necessidade por importação. Espera-se que o consumo adicional dos EUA seja majoritariamente suprido pelo México e por países da América Central – o que limitaria expressivamente o direcionamento de açúcar dessas duas regiões ao mercado internacional.

Com isso, é possível que destinos como Marrocos, Canadá e alguns polos da Europa possam ser atendidos por produto fabricado no Brasil. Ademais, a maior entrada do produto brasileiro no mercado norte-americano pode vir a partir de aumento/realocação das Cotas Tarifárias de Importação (TRQ).

Perspectivas para a Ásia

Os holofotes ao longo do primeiro trimestre do ano devem se voltar também à Ásia. Na Tailândia, espera-se que as exportações continuem firmes mesmo com a queda de 11,2% esperada para a produção de açúcar em 2019/20. Além dos elevados estoques ao início da temporada corrente, basis no país asiático tem se posicionado em patamar ainda menor do que o observado nas últimas duas temporadas. Neste sentido, o diferencial de base com o mercado brasileiro também está abaixo das safras anteriores, reforçando a maior competitividade do açúcar tailandês.

A Índia, por sua vez, deve continuar como outro importante competidor na região, visto que além dos subsídios que incidirão sobre as vendas internacionais de 2019/20, Nova Deli estendeu o prazo para o cumprimento das cotas de 2018/19 para 31 de dezembro de 2019. É importante ponderar que a viabilidade do comércio exterior dependerá do preço do açúcar no mercado internacional – patamar de entre 13 e 13,5 centavos de dólar por libra-peso é considerado como um nível atrativo aos exportadores.

Ressalta-se, também, que se vendedores indianos continuarem direcionando produtos ao Oriente Médio, Irã e Bangladesh, por exemplo, parece pouco provável que a commodity produzida no Brasil volte a ampliar seu share nessas regiões – participação essa que se mantém baixa desde 2018.

Por fim, nota-se que a intensidade com a qual os estoques ao fim do ciclo corrente irão recuar na Índia dependerá de como as exportações se comportarão no país e da quantidade de açúcar-equivalente que será direcionado à produção de etanol. A INTL FCStone estima que o armazenamento de açúcar pelo setor açucareiro indiano ao fim de setembro/20 se posicione como o 2º maior das últimas quatro safras.

Impactos da nova regulação naval

A nova regulação naval limita o teor de enxofre nos combustíveis marítimos em 2020, o que deve sustentar as cotações dos fretes. O maior custo logístico tende a pressionar as cotações do açúcar, visto que a modalidade de transporte mais utilizada é a FOB (Free on Board), a qual onera o comprador pelos riscos e dispêndios do deslocamento marítimo.

Os impactos sobre o basis do açúcar em Santos, principal hub de exportação do produto no mundo, podem ser limitados, visto que as cotações no porto de Santos e na ICE/NY são negociadas sob base FOB. Obviamente, não podemos ignorar que os futuros do #11 em Nova Iorque são impactados por fundamentos de outros produtores globais, o que pode resultar em descontos mais intensos na praça paulista.

 

Fonte: Canal Rural, com informações da FCStone – 30-12-2019

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