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Açúcar em baixa e gasolina cara fazem venda de etanol bater recorde em 2018

21 de Dezembro de 2018

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Depois de uma sequência de anos difíceis, a produção de etanol teve um crescimento expressivo em 2018 e atingiu o maior nível de sua história.

Segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a produção de etanol subiu 16,87% considerada a safra 2018/2019, até dezembro deste ano, na comparação com o mesmo período da safra anterior (2017/2018).

Foram produzidos 21,81 bilhões de litros de etanol pelas usinas do país, concentradas no centro-sul, dos quais 20,63 bilhões foram para mercado interno e 1,18 bilhão para exportação.

Cada safra começa tradicionalmente no mês de abril e segue até março do ano seguinte, com o auge da colheita entre abril e outubro.

Alta no consumo de etanol

Beneficiado pelos preços altos da gasolina ao longo de 2018, o etanol teve maior procura, o que estimulou a produção nas usinas. Contrasta com anos anteriores, em que, durante o governo de Dilma Rousseff (2011-2016), a gasolina permaneceu com preços baixos, subsidiados pelo governo, e, de 2015 em diante, o petróleo passou por um ciclo de queda nos mercados internacionais, que também barateou a gasolina internamente.

"A safra brasileira passou a ser muito mais alcooleira do que açucareira", disse o diretor-técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues. "Isso começou em setembro do ano passado, quando já se sinalizava uma forte queda no preço do açúcar no mercado internacional. No Brasil, os preços da gasolina passaram a acompanhar o valor internacional do petróleo, e o valor do barril de petróleo também começou a subir, aumentando a competitividade do etanol."

O preço da saca de açúcar vendida pelas usinas saiu de R$ 62,1, em 2016 e 2017, para R$ 44 atualmente.

Isso fez com que o mix da produção das usinas se invertesse, passando de maioria da moagem em açúcar para o álcool. "Na safra passada (2017/2018), para cada tonelada de cana processada, as usinas produziram 61,5 quilos de açúcar e 42,6 litros de etanol. Neste ano, foram 47 quilos de açúcar e 53,4 litros de etanol", disse Rodrigues.

A produção de açúcar, na contramão do etanol, teve queda de 26,7% nesta safra em comparação à anterior, para 26,17 milhões de toneladas, considerada a produção de abril ate dezembro.

No total, a moagem de cana foi 4,10% menor na safra deste ano (556,85 milhões de toneladas) em comparação à safra de 2017/2018 (580,68 milhões de toneladas), considerada a produção até 16 de dezembro.

A estimativa da Unica é de que, até o encerramento da safra, em março, o total processado chegue a 570 milhões de toneladas. A forte estiagem no meio do ano foi uma das principais razões indicadas pela associação para a perda no volume.

UOL - 20/12/2018

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